Necropsia de brasileiros mortos no Peru é inconclusiva

A necropsia dos corpos de Mário Gramani Guedes e Mário Augusto Soares Bittencourt, os dois engenheiros brasileiros encontrados mortos no Peru, terminou na madrugada de hoje na cidade peruana de Bagua Grande, sem que se pudesse concluir a causa das mortes. De acordo com informações do Itamaraty, foram feitos todos os exames físicos possíveis e nada foi encontrado que pudesse dar indicações da causa das mortes.

Amostras de sangue, pele e outros órgãos foram retiradas para que pudessem ser examinadas fora da cidade, onde os recursos são limitados. No entanto, a previsão de um resultado é de pelo menos três semanas. Os corpos permanecem na cidade onde foram examinados e ainda não há decisão sobre quando serão retirados de lá, apesar da Leme Engenharia – empresa para o qual os dois trabalhavam – já ter enviado um avião para a região.

De acordo com informações obtidas pela reportagem, as famílias dos dois engenheiros querem que um segundo exame seja feito. Inconformados com a falta de resultados, os parentes das vítimas ainda estudam, junto com a Engenharia Leme, o que pode ser feito. A dúvida é como e onde podem ser feitos mais exames e que tenham resultados mais imediatos do que as três semanas previstas pelos médicos peruanos para obter alguma resposta pelas amostras retiradas dos corpos. Existe a possibilidade de as vítimas serem trazidas para o Brasil para passarem por mais uma necropsia ou então serem levadas a Lima, onde outro exame seria feito.

No entanto, para que os corpos sejam retirados de Bagua Grande eles teriam que ser embalsamados. Essa preparação pode prejudicar quaisquer evidências que poderiam levar à causa da morte. Um parente de pelo menos um dos engenheiros deve ir para o Peru – o assunto está sendo tratado diretamente com a Engenharia Leme – para que a decisão seja tomada. Enquanto isso, os corpos devem ficar em Chiclayo, cidade com maior estrutura próxima a Bagua Grande.

Guedes e Bittencourt foram encontrados ontem, em uma estrada no Norte do Peru, a 2800 metros de altitude. Os dois estavam desaparecidos desde segunda-feira, quando saíram para trabalho de campo junto com outra dupla de engenheiros. Os dois estavam na região, que fica entre a selva peruana e a Cordilheira dos Andes, fazendo prospecção para a construção de uma hidrelétrica.

Os dois engenheiros marcaram um ponto de encontro com os dois colegas, mas não apareceram. O alerta de desaparecimento foi dado na noite de segunda-feira, mas os corpos só foram encontrados na madrugada de ontem, às margens de um rio que fica entre as províncias de Amazonas e Cajamar. Não havia marcas de violência e nem os pertences dos dois brasileiros haviam sido roubados.

A região, desértica e com 2.800 metros de altitude, tem temperatura baixíssima à noite. A falta de indícios levou a polícia a suspeitar que as mortes tenham relação com hipotermia ou o ar rarefeito. No entanto, nada ainda pode ser confirmado.

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