O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou nesta quinta-feira (14) que o governo já se decidiu pela construção da usina de Angra 3, obra suspensa no final dos anos 80 e cuja conclusão está na pauta do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). "Para a gente crescer acima de 5%, temos que dizer aos investidores que vamos garantir energia para depois de 2010 porque, até lá, já está tudo garantido. E não tem sentido não usar a energia nuclear, que é limpa e temos tecnologia", disse o presidente, em discurso durante cerimônia de batismo da plataforma de produção de petróleo P-52, da Petrobras.
"Posso garantir que não haverá aqui nenhuma Chernobyl", completou, referindo-se ao maior acidente nuclear da história. Lula lembrou ainda que a construção da usina vai gerar empregos na região, que passou por tempos de ostracismo econômico após a derrocada da indústria naval brasileira na década de 90. A conclusão de Angra 3 é decisão exclusiva do presidente, que conta com apoio consultivo do CNPE. O órgão, no entanto, vem adiando sucessivamente as reuniões sobre o assunto. Não há consenso entre todos os ministros, uma vez que Marina Silva, do Meio Ambiente, apresentou parecer contrário à obra.
Segundo dados da Eletronuclear, Angra 3 precisa de R$ 7,2 bilhões em investimentos e seis anos de obras. O projeto tem capacidade para gerar 1,3 mil megawatts. Em seu discurso, Lula citou ainda o aumento do consumo de bens eletroeletrônicos provocado pelo programa Luz para Todos, que leva eletricidade a comunidades ainda não atendidas pela rede das distribuidoras. "O povo atendido pelo Luz para Todos já comprou 470 mil televisões e 360 mil geladeiras", destacou o presidente, que fez um discurso bem-humorado de 40 minutos, no qual abusou de piadas sobre seu passado de metalúrgico.
Lula pediu ainda ao presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que conclua as negociações com o estaleiro Brasfels para construir a plataforma P-56 no canteiro de Angra dos Reis. Ele justificou o pedido dizendo que, com a saída da P-52 e a proximidade do fim das obras da P-51, há uma crescente preocupação dos trabalhadores com o futuro. "Em dezembro, a P-51 também vai embora. E aí, os trabalhadores começam a se perguntar: ‘e aí, como é que nós fica (sic)?", questionou. O presidente afirmou que, depois da retomada da indústria naval, o governo vai trabalhar para reativar a marinha mercante do País, que hoje remete grandes somas em frete para alugar navios de bandeira estrangeira.
No começo do discurso, Lula voltou a fazer propaganda pelo Cristo Redentor na eleição das sete maravilhas do mundo moderno, chegando a informar o número para votações por telefone e a página da internet onde se pode votar. "Se o povo brasileiro deu 50 milhões de votos para mim, porque não poderia dar 100 milhões de votos para o Cristo?"