Brasília – No lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2007/2008, nesta quinta-feira (28), no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou da Rodada Doha, que juntou os países do G 4 (Brasil, Índia, União Européia e Estados Unidos) na semana passada para mais uma reunião sem acordo na questão do livre-comércio.
Lula deixou claro que o Brasil não vai negociar com os países desenvolvidos a abertura do mercado nacional para produtos industriais e serviços se eles não abrirem seus mercados para os produtos agrícolas brasileiros. ?A negociação dos técnicos acabou?, afirmou. ?Agora é decisão política?.
O presidente disse que os Estados Unidos precisam reduzir subsídios ? ajuda financeira aos agricultores ? e os europeus, abrir o mercado agrícola para que haja avanço na Rodada Doha, que debate liberalização comercial no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Lula afirmou que os europeus, além de não concordarem com as exigências brasileiras e indianas, pressionaram os países emergentes a se abrir para seus produtos industrializados. ?No fundo no fundo, iríamos abrir nosso mercado de produtos industriais, mas eles não iriam abrir para nós aquilo que somos tão competitivos quanto eles, que é o mercado agrícola. Então não tem negócio?.
O presidente comentou a conversa telefônica que teve na última sexta-feira com o então primeiro-ministro britânico Tony Blair, que disse que não haveria acordo se o Brasil não aceitasse o coeficiente proposto pela Europa para a indústria, segundo Lula. ?Eu disse que então não tem acordo, porque ‘mais uma vez vocês querem que os países emergentes, os países pobres, abram suas porteiras e vocês lacrem as de vocês’?.
O presidente afirmou ainda que em nome de proteger os países mais pobres que entraram na União Européia, os ricos acabam defendendo seus próprios interesses.
Após dez anos no cargo, Tony Blair foi substituído ontem por Gordon Brown.
