Brasília – O senador e ex-ministro da Educação Cristóvam Buarque (PT-DF) anunciou nesta quinta-feira que não vai disputar a indicação interna do partido para as eleições ao governo do Distrito Federal em 2006. Ele atribuiu sua decisão ao veto do Palácio do Planalto a sua eventual candidatura. Na avaliação do senador petista, o veto teria partido do próprio chefe da Casa Civil, José Dirceu, que está rompido com Cristóvam desde que ele foi demitido do governo em janeiro de 2004. O senador chegou a divulgar uma nota em que anuncia a sua decisão.
"Lamento receber minha segunda exoneração durante o governo Lula", escreveu Cristóvam na nota, informando que nessas condições não estará nas prévias que escolherão o candidato do PT ao governo distrital. "Recebi do governo, por diversas fontes, mensagens de que se quisesse ser o candidato do PT, deveria silenciar qualquer crítica ao governo ou a qualquer de seus ministros. Se fizesse isso, poderia ser candidato, mas não mereceria", disse Cristóvam na nota, pedindo para que os correligionários entendam que o preço para disputar o governo não pode ser o seu silêncio.
"Não vou ser a Luizianne Lins do cerrado. Acho que a capital da República não pode ter um candidato ao governo que não seja afinado com o Planalto. Como eu não aceito ser enquadrado, estou saindo da disputa. Não vou me submeter às regras do Planalto, até porque acredito que o Brasil precisa de alguém que seja crítico e que possa tentar puxar o governo para uma linha mais social e à esquerda", disse Cristóvam.
Desde de que deixou o governo, Cristóvam tem adotado uma linha crítica ao Planalto. Ele diz que desde que foi demitido nunca mais recebeu uma ligação do presidente Lula ou do ministro José Dirceu. Na semana passada, em discurso no Senado, Cristóvam defendeu a punição do ministro José Dirceu por não ter conseguido conduzir a articulação política para evitar as assinaturas do requerimento da CPI.
No Senado cresce as resistências à agenda do Planalto. O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) fez um apelo ao presidente do Senado, Renan Calheiros, para que ele não traga para o Congresso Nacional uma agenda feita pelo Palácio do Planalto. Antônio Carlos fazia um discurso em homenagem ao ex-ministro e deputado Adauto Lúcio Cardoso, cujo centenário de nascimento foi comemorado na manhã de ontem, em sessão solene, no Supremo Tribunal Federal (STF). "Se Adauto Lúcio Cardoso estivesse vivo", essa seria sua posição – assegurou o senador.