Momentos depois de o Conselho de Ética ter aprovado o pedido de cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi a vez de o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL) sentar-se nesta quarta-feira (5) no banco dos réus do Conselho de Ética da Câmara. Mas, ao contrário do irmão Renan, Olavo não precisou fazer nenhum esforço para convencer o Conselho da Câmara de sua inocência. À exceção do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), todos os deputados do Conselho saíram em defesa de Olavo.
De acordo com reportagem da revista Veja, Olavo Calheiros teria vendido à Cervejaria Schincariol, por R$ 27 milhões, a fábrica de refrigerantes Conny, de sua propriedade. Mas a empresa valeria, no máximo, R$ 10 milhões. "O julgamento não é da Schincariol e sim do deputado", argumentou o relator do caso, Sandes Júnior (PP-GO). Ele próprio admitiu ter recebido R$ 50 mil da Schincariol para a sua campanha de 2006. Sandes Junior confessou ter se reunido em seu gabinete com representantes da cervejaria para tratar do caso. "Isso é um absurdo. O relator recebeu doação de campanha da Schincariol e deveria se julgar impedido de relatar esse caso", afirmou Chico Alencar.
Em cerca de duas horas de depoimento, Olavo recebeu a solidariedade dos integrantes do Conselho contra as acusações de que seu nome estaria envolvido também em supostas irregularidades da construtora Gautama em licitações investigadas na Operação Navalha. "Tudo não passa de picuinha", resumiu o deputado Abelardo Camarinha (PSB-SP). "Não vi nada consistente nas denúncias", afirmou o deputado Paulo Piau (PMDB-MG).