Seguindo tendência verificada desde a década passada, o total de brasileiros que se declaram de pele preta cresceu 6,9% entre 2015 e o ano passado. Já o número de pessoas identificadas como pardas cresceu 2% no período. O total de autodeclarados pretos aumentou 14,9% entre 2012 e o ano passado.

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Os dados, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Da população total, estimada em 205,5 milhões de habitantes no ano passado, 8,2%, são identificados como pretos. O contingente de pardos é bem maior, com 46,7% do total. Já os identificados como brancos somaram 44,2%. Na passagem de 2015 para 2016, a quantidade de declarados como brancos encolheu 2%.

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Desde 2007, as Pnads vêm mostrando que a soma da população identificada como preta e parda supera a que se considera branca. As informações sobre a cor da pele são escolhidas, no rol de opções oferecidas, pelos próprios entrevistados. Ele pode informar livremente a cor da sua pele e das demais pessoas do domicílio.

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Portanto, o aumento no contingente de pretos e pardos não está relacionado a uma possível taxa de fecundidade maior entre esses grupos, esclarece Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad. “Esse maior número de pretos e pardos declarados decorre da miscigenação natural da população e do maior acesso à informação, que leva as pessoas a se identificarem com uma cor ou raça diferente da que se identificavam antes”, afirma Maria Lucia.

Para Ynaê Lopes dos Santos, professora do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas (Cpdoc/FGV), pretos e pardos têm ficado mais propensos a se assumirem como tal. O movimento, desde a década passada, seria resultado do avanço de políticas afirmativas, como cotas nas universidades públicas, e do impulso que os movimentos pelos direitos dos negros ganhou com as redes sociais e a internet.

“Ao que tudo indica, esse aumento faz parte de um movimento de empoderamento”, diz Ynaê, autora de um livro sobre a história das origens africanas na sociedade brasileira. “Isso é muito importante numa sociedade na qual o racismo estrutural é muito grande”, complementa ela, que defendeu a ação do Estado para compensar as desigualdades.

Envelhecimento. A edição da Pnad divulgada ontem mostrou ainda que a população brasileira seguiu envelhecendo em 2016. Os brasileiros na faixa etária de 60 anos ou mais são 14,4% do total. Em 2012, quando começa a série estatística da pesquisa, essa faixa etária respondia por 12,8% da população.

Na outra ponta, o contingente populacional na faixa etária de zero a 9 anos encolheu 4,7%. São 1,3 milhão de crianças a menos nessa faixa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.