Alguns dos principais museus públicos do interior de São Paulo não estão protegidos contra incêndios como o que destruiu o Museu Nacional. Muitos ocupam prédios centenários, com fiação aparente, e contêm material de fácil combustão, como mobiliário, pisos e forros de madeira, telas a óleo e documentação em papel.

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No Museu Republicano de Itu, vinculado ao Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP), há fios emendados e em contato com o forro. O prédio, um sobrado erguido nas décadas iniciais do século 19 com fachada de azulejo, abrigou a Convenção Republicana de 1873, movimento que desencadeou a proclamação da República. A sala usada pelos convencionais abriga os móveis da época. O museu funciona sem um auto de vistoria dos bombeiros.

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Em Porto Feliz, o prédio do Museu Histórico e Pedagógico das Monções, da primeira metade do século 19 e que hospedou o imperador d. Pedro II, ameaça ruir. As paredes estão escoradas com madeira.

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“Aqui, o problema maior é a infiltração pela água da chuva que está derretendo as paredes de taipa”, afirma o diretor de Cultura, Flávio Torres. Desde 2010, o acervo foi retirado e guardado em um depósito. O prédio foi invadido por moradores de rua e há restos de fogueira no interior.

Um laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) confirma a necessidade de obras estruturais. O valor, estimado em R$ 12 milhões, não está previsto em orçamento, mas o projeto foi aprovado pela Lei Rouanet e o município busca patrocinadores. Há museus fechados também em Campinas, Ribeirão Preto e Americana pelas más condições dos prédios e falta de laudo dos bombeiros.

Museus que funcionam em prédios restaurados recentemente reúnem mais itens de segurança. O Casa de Portinari, de Brodowski, conta com extintores, sensores de fumaça e fiação em eletrocalhas. De acordo com a diretora Angélica Fabbri, o restauro concluído em 2014 incluiu até proteção antichama no forro de madeira.

O Museu do Café, em Santos, tem brigada de incêndio e segurança predial, além de plano de salvaguarda e contingência para eventuais emergências. O museu tem alvará de funcionamento e auto de vistoria dos bombeiros válido até 2021. O prédio foi construído no início da década de 1920 para abrigar a Bolsa Oficial do Café do Estado de São Paulo.

Fóssil perdido

Fechado para reformas desde o ano passado, o Museu de Paleontologia de Marília perdeu peças importantes de seu acervo no incêndio que destruiu o Museu Nacional. “Nosso Brasilotitan nemophagus estava lá, mas é quase certo que virou cinzas”, disse o paleontólogo Willian Nava, diretor do museu de Marília.

O fóssil foi encontrado por ele em 2000, em Presidente Prudente, e acabou levado para estudos no museu da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Era um dos esqueletos mais completos já encontrados”, contou. O fóssil seria devolvido ao museu de Marília em 2019. Também desapareceram no incêndio os ossos do Mariliasuchus, um crocodilo que viveu na era dos dinossauros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.