Por ironia do destino uma infração de trânsito levou à prisão de uma das maiores estelionatárias do Estado, especializada justamente em falsificar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para motoristas despreparados.

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Foragida desde 2005, com 17 condenações, 191 processos e uma longa ficha criminal que, esticada no 7º andar do prédio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), chegou a 60 metros de folhas, Vanilde Alves, de 50 anos, foi presa no domingo, 25, em Itajaí, cidade no litoral de Santa Catarina.

A Polícia Civil de São Paulo investigava o paradeiro da criminosa quando os investigadores receberam a foto dela impressa em uma multa de trânsito por alta velocidade, no município onde estava escondida. Ela foi presa em um supermercado de Itajaí por policiais que montaram uma campana no comércio. A investigação contou com a ajuda da polícia de Santa Catarina. Na hora da prisão ela portava um documento falso.

Vanilde aparece na lista dos dez maiores procurados da Justiça paulista, ao lado de sequestradores, estupradores de menores de idade, assassinos e traficantes de droga. O diretor do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade), Osvaldo Nico Gonçalves, classificou a presa como “pior que bandido”.

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“O ladrão chega aqui, rouba meu relógio, meu dinheiro e meu prejuízo é o que eu tinha. Ela não, ela colocou na rua pessoas que não tinham condição de dirigir. Sei lá quantos crimes aconteceram. Isso para mim é imensurável. Ela é uma vigarista e estelionatária”, disse o delegado, durante uma coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira, 26.

De acordo com Nico, a criminosa confessou os crimes e agradeceu ter sido capturada. “Ela disse que para ela foi um alívio ser presa, que não aguentava mais essa vida de fugitiva e falou que a hora dela chegou. E daqui ela está indo para cadeia.” Natural de Pedro de Toledo, uma cidade de nove mil habitantes no litoral sul de São Paulo, Vanilde começou a aplicar os golpes quando era funcionária do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

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Ela trabalhava na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) do órgão, localizada na cidade vizinha de Itanhaém. De acordo com Nico, desde que foi considerada fugitiva em 2005, ela parou de aplicar os golpes de venda de CNH. A criminosa também fazia os pontos das carteiras de habilitação sumirem para que os motoristas não tivessem o documento suspenso pelo Detran.

Defesa

O criminalista Jeferson Badan, advogado de Vanilde, disse que ela chegou a ficar seis meses presa e foi liberada por um habeas corpus. “Ela achou que a vida dela tinha sido resolvida. Depois ela ficou sabendo que era considerada fugitiva. Se eu fosse advogado dela desde o começo, teria apresentado (à Justiça).” O defensor deve elaborar nos próximos dias a linha de defesa da sua cliente.