Rio (AG) – Em números frios, pode parecer pouco. Mas para quem enfrenta o preconceito, a falta de espaço nos partidos e a dificuldade de ser dona-de-casa, profissional e política ao mesmo tempo, já é uma vitória e tanto: em 2004, 404 prefeitas e 6.555 vereadoras foram eleitas em todo o país.
O número de mulheres que governarão cidades cresceu, em números absolutos, 27,4%. Em termos gerais, as prefeitas representarão 7,32% do total. No Paraná, o número de mulheres prefeitas pulou das atuais 19 para 24. “Não é o ideal, mas os números mostram que a participação feminina na política está aumentando no Paraná, o que é muito positivo”, avalia Maria Goretti David Lopes, uma das coordenadoras do Comitê Multipartidário das Mulheres do Paraná.
No Rio de Janeiro, que tinha quatro prefeitas, serão seis, entre elas duas reeleitas ? Saudade Braga (PSB), em Nova Friburgo, e Lúcia de Fátima Fernandes Fonseca (PMDB), a Batata, em Pati de Alferes ? e a futura comandante do segundo colégio eleitoral do estado, Aparecida Panisset (PFL), de São Gonçalo.
“As mulheres estão perdendo o medo de mostrar a cara e de dizer que o lugar delas é na política”, diz a médica Saudade Braga, de 55 anos, casada, mãe de dois filhos, reeleita com 46.990 votos em Nova Friburgo.
Preconceito
“Tem muito preconceito e até as mulheres discriminam. Mas se já estamos em todos os lugares, por que não nas prefeituras e câmaras de vereadores?”, indaga Aparecida, de 52 anos, professora, solteira, que venceu no primeiro turno a favorita Graça Mattos (PMDB) com 240.945 votos.
Também foram eleitas no Rio as prefeitas de Belfor Roxo (Maria Lúcia dos Santos), Magé (Núbia Cozzolino) e São João da Barra (Carla Machado), todas do PMDB. Mesmo assim, o Rio de Janeiro é um dos estados que, proporcionalmente, elegeu menos prefeitas: as seis representam 6,9% do total.
Crescimento nas Câmaras
Rio (AG) – Nos legislativos municipais, a situação é diferente. Em números absolutos, serão menos vereadoras: 6.555 em 2004, contra 7.001 em 2000. Mas como o número de vagas também caiu, por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em números relativos, a participação feminina cresceu. Há quatro anos, elas representavam 11,61% do total de vereadores. A partir de 1.º de janeiro, serão 12,65%.
Proporcionalmente, o estado que terá mais vereadoras é o Rio Grande do Norte: de cada cem vagas nas câmaras de 167 municípios, 17 serão ocupadas por mulheres. No extremo oposto está o Espírito Santo, em que o número de vereadoras eleitas em 78 cidades representa apenas 7,82% do total do estado.
Para as especialistas do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFemea), entidade que acompanha o trabalho das mulheres na política, também chama a atenção o fato de partidos pequenos terem mais candidatas eleitas.
No caso das vereadoras, por exemplo, legendas como o PRTB (17,01%), o PAN (15,48%) e o PTdoB (15,46%) ficaram acima da média nacional, de 12,65% do total. Dos partidos grandes, o PT, com 15,17%, foi o que teve o melhor desempenho. Já PTB, PSB, PL e PDT ficaram abaixo da média.
Mais candidatas
Na análise da votação para prefeito, o PTN teve 40% de mulheres eleitas, seguido do PRTB (16,67%) e do Prona (14,29%). Dos partidos grandes, o melhor desempenho é do PL, com 10% de eleitas, contra 7,23% de média nacional. Já PPS, PP, PSDB, PT, PDT e PV ficaram abaixo da média.
O sistema de cotas, criado em 1996 e que determina que 30% das vagas sejam destinadas a mulheres, não vale para eleições majoritárias. “Já é possível observar que as mulheres estão se candidatando cada vez mais. O fato de apenas uma pequena parcela ter sido eleita expressa as dificuldades do eleitorado em votar em mulheres”, diz a socióloga Almira Rodrigues, do CFemea.