Cerca de 200 mulheres de acampamentos e assentamentos do Pontal do Paranapanema, no oeste do Estado de São Paulo, protestaram nesta segunda-feira (9) contra a morosidade da reforma agrária na região ocupando a frente do escritório regional do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) em Presidente Prudente. A ação foi liderada por Diolinda Alves de Souza, mulher do líder dissidente do Movimento dos Sem Terra (MST), José Rainha Júnior. Desde que o MST deixou de reconhecer as ações do antigo líder, Diolinda estava afastada da mobilização dos sem-terra. Durante o carnaval, o próprio Rainha comandou a invasão de 21 fazendas na região.

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As manifestantes chegaram em caravana, empunhando bandeiras, faixas e cartazes e se postaram na frente do prédio. O escritório não foi invadido, mas a movimentação prejudicou o expediente. Um grupo de mulheres entregou um manifesto ao diretor regional, Túlio Vanali. O documento, assinado também por representantes do Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast), Unidos na Luta pela Terra (Uniterra), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) e de sindicatos rurais ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), pedia a transferência do comando a reforma agrária para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

“O Itesp deve continuar dando assistência técnica aos assentamentos, mas a arrecadação de terras deve ser feita pelo Incra, pois é de lá que sai o dinheiro”, disse Diolinda. O grupo pediu também a retirada do projeto de lei do governador José Serra que propõe a regularização das áreas com mais de 500 hectares tidas como devolutas no Pontal. O projeto aguarda votação na Assembleia Legislativa do Estado. O documento fazia menção ao Dia Internacional da Mulher, celebrado ontem.

De acordo com Diolinda, as mulheres estão dispostas a “também ocupar fazendas” na região. O protesto, iniciado às 8 horas, foi encerrado no início da tarde. A Polícia Militar apenas acompanhou a mobilização. Em nota, a diretoria do Itesp disse que manifestação era patrocinada por José Rainha com “pauta requentada e equivocada”. Segundo a nota, o Itesp cumpre seu papel na reforma agrária definido pela Constituição Federal, “mesmo que isso possa desagradar aos profissionais do conflito”.

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Paraná

Aproximadamente 1,2 mil mulheres do MST participaram nesta segunda de manifestações em Porecatu, a cerca de 460 quilômetros de Curitiba, no norte do Paraná. Elas se uniram a outras manifestações da Jornada Nacional de Mulheres da Via Campesina realizadas pelo País. De acordo com a Polícia Militar, o manifesto foi pacífico, sem qualquer registro de anormalidade.

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As mulheres ficaram reunidas durante o fim de semana no centro comunitário da prefeitura, onde foi realizado o seminário Mulheres Camponesas em Luta contra o Agronegócio. Hoje pela manhã, elas deixaram o local e foram em marcha até a praça central. “Nossa luta é pela reforma agrária e soberania alimentar e contra o agronegócio e a monocultura, que destroem o meio ambiente e a vida”, afirmou uma das coordenadoras do movimento, Isabel Grein.

Na tarde desta segunda, elas foram até a Fazenda Variante, pertencente à Usina Central do Paraná, que está invadida desde novembro do ano passado por 300 famílias. Ali foram entregues sementes de vários produtos e mudas de plantas medicinais. Nas manifestações, as mulheres pediram o assentamento de cerca de 6 mil famílias que estão acampadas pelo Estado, além da desapropriação da fazenda em Porecatu.