Mudança na lei de drogas deve demorar

A proposta do governo de abrandar a legislação de combate às drogas provocou reações negativas no Congresso. A polêmica em torno do assunto e a proximidade do ano eleitoral, cujo debate deve ser antecipado, devem impedir que a alteração na lei seja aprovada nesta legislatura. O Congresso não terá tempo hábil – e vontade – para discutir a questão. “É impossível aprová-la até o final da legislatura”, confirmou o deputado Flávio Dino (PC do B-MA).

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), afirmou que a mudança na lei não soluciona ou diminui os problemas criados pelo tráfico. “A legislação já está frouxa demais. Flexibilização neste momento seria um desastre”, disse. “O que o governo tem de fazer é construir presídio.”

Ex-secretário de Segurança Pública do Rio de janeiro, o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), que fez carreira como delegado da Polícia Federal (PF), defende o recrudescimento da lei. Sua proposta é permitir que usuários sejam detidos para tratamento compulsório de saúde. “Traficante tem de ser preso, e usuário, tratado”, disse. “O governo já flexibilizou o tratamento dado ao usuário. Quer, agora, flexibilizar a lei para pequenos traficantes. Daqui a pouco, vai querer liberar tudo”, criticou.

Proposta

A lei atual, que instituiu em 2006 o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, permite que a pena para esses pequenos traficantes seja reduzida em até dois terços. Quem for preso e condenado cumprirá pena de 1 ano e 8 meses de prisão. A ideia do governo, com a alteração, é impor penas alternativas àqueles que sejam considerados pequenos traficantes – flagrados com pouca droga, desarmados e sem ligações com o crime organizado. Com isso, tentaria evitar que esses traficantes fossem arregimentados por facções em presídios.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna