A Via Campesina, representada no Brasil pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), levou na quinta-feira (29) quatro presidentes da América Latina para o ginásio esportivo do campus da Universidade Estadual do Pará, onde ocorre um encontro paralelo ao Fórum Social Mundial. Conduzidos por João Pedro Stédile e Jayme Amorim, da direção nacional do MST, lá adentraram Hugo Chávez, da Venezuela, Evo Morales, da Bolívia, Fernando Lugo, do Paraguai, e Rafael Correa, do Equador. Porém, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, ficou de fora do encontro.
Segundo João Paulo Rodrigues, porta-voz dos sem-terra, o presidente Lula não foi convidado porque o encontro se destinava a fortalecer a Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), organização proposta por Chávez para se contrapor à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), sugerida pelo ex-presidente norte-americano George Bush. Sobre o fato do Paraguai não integrar a Alba, o porta-voz disse: “Ele tem demonstrado grande simpatia pela organização.”
O tema oficial do encontro, que começou uma hora e meia depois do horário anunciado, devido a um atraso de Chávez, era Diálogo sobre Integração Popular de Nossa América. Em seu discurso, o presidente do Paraguai abordou um tema delicado nas relações com o Brasil: a revisão do tratado de Itaipu. Ele quer renegociar a dívida de seu país e modificar o acordo assinado nos anos da ditadura militar. “Não acreditamos em um tratado assinado na época da ditadura”, disse. “O Paraguai merece um preço justo pela sua energia.”