Foto: Agência Brasil |
Lula: fogo amigo. |
O coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues, afirmou ontem durante debates do 7.º Fórum Social Mundial que a política agrária do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não serve de referência para outros movimentos rurais que participam do evento. Em encontros com movimentos campesinos de todas as partes do globo, o MST defendeu a tese de que a reforma agrária não andou nos últimos quatro anos. ?Não há avanços, não há novos assentamentos, não há modelos para mostrar ao mundo. Não houve desconcentração de terra no Brasil durante o governo Lula?, criticou o líder.
Segundo Rodrigues, o governo não ataca as organizações ligadas à luta pela terra, mas ao mesmo tempo não avança nas políticas reivindicadas por elas. ?Nosso foco é a soberania alimentar. Queremos mais atenção ao mercado interno para garantir a produção e o desenvolvimento de pequenos produtores, mas o foco do atual modelo econômico brasileiro privilegia o agronegócio, o mercado externo.?
A Via Campesina, uma rede internacional de movimentos de trabalhadores rurais, também fez duras críticas à política agrária de Lula. ?As avaliações têm sido duras aqui no fórum. Todos os movimentos sociais têm críticas. Às vezes nós mesmos temos de sair em defesa do governo?, disse Rodrigues. Segundo ele, as entidades campesinas da América Latina, África e Ásia não vêem no petista uma referência para os trabalhadores.
O hondurenho Rafael Alegria, coordenador internacional da Via Campesina, disse que Lula deve seguir os passos de Bolívia, Venezuela e Equador, e tratar a reforma agrária ?com pulso firme, vontade política e patriotismo?. Para Malarivo Toto Julien, dirigente de entidade de trabalhadores rurais de Madagáscar, onde 80% do PIB vêm da agricultura, Lula tem de cumprir promessa do primeiro mandato e distribuir terras improdutivas. O Fórum Social Mundial prossegue até quinta-feira.
Em seminário sobre taxação internacional no Fórum Social Mundial, o ministro Luiz Dulci defendeu ontem o fim dos paraísos fiscais. ?São fontes de corrupção e sonegação, usados em grande parte por multinacionais, empresas privadas e milionários?, disse Dulci. De acordo com ele, os paraísos fiscais constituem um problema estrutural para a economia mundial.