O Movimento dos Sem-Terra (MST) deu a largada para o “abril vermelho”, a jornada anual de lutas do movimento, invadindo hoje a fazenda Leonilda, do radialista Zé Béttio, em Rinópolis, no oeste paulista. Cerca de 180 sem-terra adentraram a propriedade por volta das 2 horas da madrugada. Procedentes de acampamentos da região, os militantes chegaram num comboio de carros e caminhões, cortaram a cerca e começaram a montar os barracos. O gerente da propriedade, Alex Santos, foi acordado por funcionários e se dirigiu ao local. Ele conversou com Luciano de Lima, coordenador do MST na região, e acionou a Polícia Militar. A PM foi até o local e anotou as placas dos veículos.

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De acordo com Lima, o movimento já pediu ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a vistoria da área que, segundo Lima, tem mais de mil hectares e seria improdutiva. O gerente garantiu que a propriedade é produtiva. “Isso quem vai atestar é o Incra, mas ocupamos justamente para mostrar para a sociedade que estamos vivos e de olho nas terras que não cumprem a função social”, afirmou o líder sem-terra.

Lima faz parte do grupo do MST ligado a José Rainha Júnior. Ele disse que os sem-terra só deixam o local se houver ordem judicial. Um advogado de Zé Béttio esteve de manhã no destacamento da Polícia Militar para colher informações. Ele avisou que entrará com pedido de reintegração de posse na segunda-feira.

A expressão “abril vermelho” foi usada pelo líder nacional do MST, João Pedro Stédile, para designar as marchas e ocupações do movimento durante o mês de abril. Bandeiras, bonés e outros símbolos do MST têm essa cor. Neste mês, os sem-terra relembram o massacre de Eldorado dos Carajás, quando 19 militantes foram mortos pela Polícia Militar no dia 17 de abril de 1996, durante um despejo, no sul do Pará.

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