Recife (AE) – Com discursos pela paz, distribuição de rosas brancas, música e soltura de 10 pombas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) entregou ontem cedo, a um grupo de deputados e representantes dos direitos humanos, a pistola ponto 40 do capitão PM Dimerson Mendes. O policial prestou queixa na delegacia de Santo Amaro por roubo de arma com agressão. Ele foi espancado no encerramento da marcha de abertura do II Fórum Social Brasileiro, na noite da quinta-feira, no centro do Recife, quando houve tiroteio e confronto entre PM e manifestantes.
O coordenador nacional do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, teve o polegar direito atingido de raspão por uma bala, durante o conflito que deixou mais seis manifestantes e dois PMs machucados. A comissão de direitos humanos, também integrada pelo subsecretário Especial dos Direitos da Presidência da República, Perly Cipriano, e pelo Ministério Público, acompanhou a advogada da Terra dos Direitos, Luciana Pivato, encarregada de segurar a cesta com a arma, até o Comando Geral da Polícia Militar, no bairro do Derby.
O delegado especial designado para apurar o caso, José Durval, adiantou que o fato não altera o andamento das investigações nem livra o MST da condição de suspeito de roubo da arma. Segundo ele, o fato é pertinente porque combina com a declaração do capitão PM Dimerson de que a arma lhe foi retirada pelo MST. Ao ser atendido no hospital da Unimed, na noite do conflito, o capitão havia afirmado, em entrevista a jornalistas, que não havia visto quem retirou a arma nem reconheceu os agressores.
José Durval disse que a pistola e outras "três ou quatro armas" de policiais presentes no confronto serão requisitadas à PM para serem periciadas. De acordo com Jaime Amorim, um integrante de um movimento operário (sua identidade foi omitida) recolheu a arma que viu no chão, e se sentiu inseguro de entregá-la à polícia, temendo ser envolvido como suspeito. Decidiu então procurar a coordenação do Fórum – da qual o MST faz parte – na tarde de sexta-feira. "Estamos devolvendo ao Estado o que é do Estado", afirmou o coordenador nacional do MST em Pernambuco, Jaime Amorim.
