O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e mais sete entidades de trabalhadores rurais encaminharam hoje ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, uma pauta mínima de reivindicações. Segundo explicaram ao assessor especial de Lula, José Graziano, coordenador do Projeto Fome Zero, são medidas emergenciais, que devem ser adotadas até março.
Entre as iniciativas propostas estão o assentamento de 100 mil famílias acampadas, a liberação de recursos para financiar o plantio de alimentos e facilitar sua comercialização e melhorias na educação e moradia nas áreas desapropriadas. Depois de receber o documento, Graziano prometeu comprar dos assentados alimentos para o programa de combate à fome.
O deputado Adão Pretto (PT-RS), que acompanhou o encontro, disse que nada foi conversado sobre a invasão de terras ou a expectativa do governo de que haja trégua durante o período de ajustes da reforma agrária. O principal líder do movimento, João Pedro Stédile, não participou do encontro. Ontem (26), ao comentar as declarações do papa João Paulo II, contrárias às invasões, coordenadores do MST alegaram que tal procedimento é uma forma de chamar a atenção para o problema.
A expectativa do deputado é de que não haja mais ocupações se o governo de Lula tiver ?boa vontade na retomada da reforma agrária?. E lembrou: ?Há cerca de 10 anos estive com Lula num acampamento em Mato Grosso e ele prometeu que, se algum dia fosse alguém no Brasil, daria prioridade à reforma agrária.? Pretto disse ter gostado da atitude de Graziano no encontro com os sem-terra: ?Ele parece empenhado em resolver os problemas.? O MST e demais entidades divulgarão suas reivindicações amanhã (28).
A pauta de reivindicações foi elaborada nos últimos dois dias pelo MST e seus aliados da Via Campesina, a entidade internacional que procura coordenar movimentos de sem-terra, trabalhadores rurais e comunidades indígenas.