O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ampliou sua representação na Assembléia Legislativa gaúcha. Além do deputado estadual Dionilso Marcon (PT), que no domingo foi reeleito com 44.633 votos, a causa da reforma agrária terá o reforço do frei franciscano Sérgio Görgen (PT), líder do MST que conquistou uma cadeira com 44.849 votos.
Ligado aos sem-terra desde 1980, no início da mobilização que daria origem ao MST, frei Sérgio esteve ultimamente mais envolvido com os movimentos dos pequenos agricultores, atingidos por barragens, trabalhadoras rurais e a Comissão Pastoral da Terra. Por dois anos foi diretor do departamento de reforma agrária da Secretaria da Agricultura, entre 1999 e 2000, no governo Olívio Dutra (PT). Ele mora em uma comunidade franciscana dentro de um assentamento em Tupanciretã, a 425 quilômetros de Porto Alegre.
Assentado há oito anos no município de Nova Santa Rita, a 25 quilômetros de Porto Alegre, Marcon atua no MST há 13 anos.
Antes de ser assentado, esteve acampado por quatro anos e meio. Para chegar ao segundo mandato, não fez votos apenas entre os sem-terra. Segundo seus cálculos, obteve 50% dos votos em uma base urbana, formada principalmente por metalúrgicos e sapateiros.
A outra metade veio do campo. ?Só o parlamento não avança nada?, comentou, sobre o progresso da reforma agrária. ?É a luta que faz avançar?, acrescentou.
Apesar da ligação de Marcon com o MST, o movimento fez campanha para o frei Sérgio, como confirmou o deputado, seguindo uma orientação regional que seria contrária ao mecanismo da reeleição. O deputado disse que não guarda mágoa do MST pela posição. Ele assinalou, contudo, que não há posição nacional contra a reeleição dentro do movimento. ?Vou defender os sem-terra, os pequenos agricultores, os atingidos por barragens, sapateiros, metalúrgicos e caminhoneiros?, indicou Marcon.
O MST é reticente ao avaliar o resultado da eleição. ?Vamos sentar com a direção na próxima semana para avaliar?, disse Ailton Croda, um dos principais líderes regionais do movimento. Mesmo assim, Croda reconheceu que a eleição de Marcon e frei Sérgio é ?um fato positivo?. O dirigente afirmou que ?a luta pela reforma agrária é um movimento de massas e os parlamentares são uma ferramenta para esta luta?. Para ele, o Legislativo é mais um espaço desta luta. O PT formou a maior bancada na Assembléia gaúcha, com 13 deputados. O PPB obteve 10 cadeiras e o PMDB, 9. O PDT conquistou 7, o PTB, 6, o PPS, 3, o PSDB, 3, e o PSB, 2. PFL e PC do B elegeram um deputado cada.
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