Campo Grande (AE) – Os sem-terra que ocupam a Fazenda Teijin, em Nova Andradina, Mato Grosso do Sul, informaram ontem que estão preparados para resistir ao despejo determinado pela Justiça Federal. Prometem destruir tudo o que estiver dentro do imóvel e até o abate de quase 10 mil bois do Grupo Agropecuário Teijin, proprietário da fazenda, que possui 28.500 hectares no distrito de Casa Verde.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Andradina, ligado à Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), Adilson Emelli, 43 anos, a expectativa em torno da desocupação é de ?conseqüências catastróficas?. Ele afirmou que tanto o sindicato quanto a Fetagri perderam o controle da situação na fazenda. ?As 600 famílias que estão lá dentro, membros do sindicato, não respeitam mais nossa orientação?, disse.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) tem 457 famílias na propriedade e também não assume responsabilidade pelos acontecimentos conseqüentes do despejo judicial. O advogado do grupo agropecuário, Diamantino Silva Filho, confirma que o clima na Teijin é muito tenso. ?Eu lamento essa situação. Queremos uma desocupação pacífica. Para tanto pedimos força das polícias federal e militar. Os policiais sabem como lidar com essa situação?, afirmou.
A Procuradoria Regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) entrou com recurso no Tribunal Regional Federal da 3ª Turma em São Paulo, tentando suspender a decisão do juiz federal de Dourados (MS), Jairo da Silva Pinto, ordenando o despejo com força policial. A iniciativa do Incra é a única esperança dos sem terra, conforme o sindicalista. ?Se o recurso do Incra for rejeitado, não quero nem pensar no que poderá acontecer.?
A questão começou em 2001, quando o Diário Oficial da União publicou decreto desapropriando a Teijin, com base na apuração técnica que constatou baixa produtividade da fazenda. A publicação surpreendeu os proprietários. Houve várias decisões e contestações sobre a posse da fazenda na Justiça. Em plena batalha judicial, o Incra cadastrou 1.057 famílias de sem terra que viviam em barracas de lonas nas margens da BR-267 e autorizou a instalação delas em acampamentos dentro da propriedade rural. No dia 6 deste mês, a 3ª Turma do TRF suspendeu os efeitos da desapropriação e no dia 13 a Justiça Federal determinou o despejo.