O Movimento Passe Livre (MPL) realiza, nesta terça-feira, 23, um terceiro protesto contra o aumento da tarifa de ônibus na capital paulista, que subiu de R$ 3,80 para R$ 4 neste ano. A concentração do ato, acompanhada pela Polícia Militar, está centrada no cruzamento entre as avenidas São João e Ipiranga.
“A cada vez que a tarifa sobe, aumenta o número de pessoas excluídas do transporte coletivo. Entre nós e a cidade (que nós mesmos fazemos funcionar) existe uma catraca que cobra cada vez mais caro”, diz o grupo, no evento marcado pelo Facebook. Mais de 750 pessoas confirmaram presença no ato até às 17h20 dessa terça, mas a PM ainda não estimou o número de presentes.
O primeiro protesto do movimento, no dia 11, acabou em tumulto no centro da capital paulista. A Polícia Militar usou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar um grupo que tentava invadir a Estação Brás da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para pular a catraca, após o término do ato. No segundo ato, no dia 17, houve confusão e vandalismo na região do Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste da capital. Ao menos cinco pessoas foram detidas. Um grupo de manifestantes usou lixo para montar uma barricada e bloquear vias. Em seguida, depredou uma agência bancária e abrigos de ônibus e caminhou pela rua Pais Leme em direção ao Terminal Pinheiros. A Polícia Militar usou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.
Em 2017, o valor unitário do ônibus, metrô e trem ficou congelado em R$ 3,80, após promessa de campanha feita pelo prefeito João Doria (PSDB). Em compensação, o valor da tarifa integrada entre ônibus e trilhos (metrô ou trem) teve reajuste de 14,8%, chegando a R$ 6,80. A medida, que chegou a ser suspensa por três meses pela Justiça, motivou uma série de protestos na capital, que não surtiram efeito.
O MPL foi criado em 2005 com a bandeira da “tarifa zero”, defendendo gratuidade total do transporte coletivo. O movimento, porém, só ganhou expressão em 2013, quando organizou os atos contra o aumento de R$ 0,20 no valor da tarifa em São Paulo (de R$ 3 para R$ 3,20 na ocasião), que acabaram se espalhando por todo o País depois da aumento da repressão policial.
Naquele ano, Alckmin e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) cederam à pressão das ruas e revogaram o aumento nas passagens. Agora, o prefeito João Doria diz não temer os atos. “Não vejo perspectivas de profunda adesão (a protestos), sobretudo na população mais sensível e que compreende que esses 20 centavos, além de facilitarem o troco, representam 30% abaixo da inflação acumulada em dois anos”, disse Doria à Rádio Eldorado neste mês. Se a correção pela inflação desde 2016, quando houve o último reajuste, fosse aplicada, o preço da passagem subiria para R$ 4,14.