Cuiabá (AE) – O Ministério Público Federal (MPF) vai oferecer denúncia esta semana contra pelo menos 50 pessoas por crimes de corrupção ativa e passiva, fraude em processo de licitação, crimes contra ordem tributária e formação de quadrilha. Todos estão envolvidos na chamada máfia das ambulâncias, desbaratada no dia 4 pela Operação Sanguessuga da Polícia Federal. A quadrilha teria movimentado pelo menos R$ 110 milhões entre 2001 e 2005. Quatorze acusados, cujas prisões foram revogadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada, continuam sendo procurados pela Polícia Federal.
Na denúncia, os procuradores Mário Lúcio Avelar e Paulo Gomes vão sustentar, com base em depoimentos e gravações telefônicas autorizadas pela Justiça, que a quadrilha liderada pelo empresário Darci Vedoim, dono da Planam, agia nos gabinetes do Congresso e do Ministério da Saúde. Segundo o Ministério Público, o esquema envolveu assessores parlamentares, servidores do governo federal, empresários e prefeitos, além de parlamentares. A lista com os nomes não foi divulgada. O relatório com a denúncia será concluído até amanhã.
Os 129 inquéritos instaurados pela PF constataram a fraude milionária na compra de ambulâncias e equipamentos hospitalares com dinheiro do Orçamento da União em seis estados – Acre, Amapá, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro – e no Distrito Federal. As apurações indicam que havia um superfaturamento de cerca de 110%. Só com a compra de ambulâncias podem ter sido desviados de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões.
Conforme a denúncia, nas investigações da Polícia Federal foram quebrados sigilos bancários e fiscais de mais 50 pessoas físicas e jurídicas. Foram identificados pagamentos de empresas para contas de assessores de congressistas. Também foi realizada uma comparação entre as declarações fiscais e o recolhimento da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).