O coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal para apurar o desastre de Brumadinho, José Adércio Leite Sampaio, afirmou em entrevista ao Wall Street Journal que a promotoria planeja apresentar acusações criminais contra a Vale e funcionários da mineradora no caso. Sampaio disse que os investigadores conseguiram evidências suficientes para afirmar que funcionários da Vale envolvidos diretamente na operação da mina sabiam que a barragem no local era insegura. Não está estabelecido, contudo, se o comando da empresa também sabia, disse ele na entrevista.
O procurador não citou nomes, na conversa com o jornal americano. A tragédia de Brumadinho deixou cerca de 300 mortos, quando a barragem se rompeu. O WSJ aponta que esse foi o mais mortífero desastre desse tipo no setor de mineração em mais de 50 anos.
“Neste ponto, nós sabemos que o lado operacional sabia que a barragem corria o risco de ruptura, mas os diretores da Vale sabiam?”, questionou Sampaio na entrevista. As acusações relacionadas ao desastre podem incluir homicídio e danos ambientais, entre outros, lembra o jornal. Ao longo dos próximos dois ou três meses, os promotores esperam determinar se graduados funcionários da Vale, sediados no escritório regional e também na sede, no Rio de Janeiro, sabiam que a barragem corria o risco de colapso, disse ele.
Promotores preparam ainda uma possível acusação criminal por falsidade ideológica contra os funcionários da TÜV SÜD, a companhia de inspeção alemã que certificou a barragem da Vale como segura quatro meses antes de sua ruptura. Sampaio disse na entrevista ao WSJ que funcionários da Vale também podem ser acusados pelo mesmo crime.