O Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça os 11 militares do Exército envolvidos na entrega de três moradores do morro da Providência a traficantes do morro da Mineira, no Rio, no último dia 14. Wellington Gonzaga Ferreira, David Wilson da Silva e Marcos Paulo Campos foram torturados e mortos com 46 tiros. Cada militar é acusado de homicídio triplamente qualificado, cuja pena pode chegar a 30 anos.
A denúncia foi protocolada na 7ª Vara Federal Criminal. Se a ação for recebida, os interrogatórios dos acusados, atualmente presos, serão marcados para os próximos dias. No fim do processo, eles poderão ser julgados pelo tribunal federal do júri popular.
Foram denunciados: Vinícius Ghidetti de Moraes Andrade, Leandro Maia Bueno, José Ricardo Rodrigues de Araújo, Renato de Oliveira Alves, Samuel de Souza de Oliveira, Eduardo Pereira de Oliveira, Bruno Eduardo de Fátima, Sidney de Oliveira Barros, Fabiano Eloi dos Santos, Julio Almeida Ré e Rafael Cunha da Costa Sá.
Os militares, que vigiavam as obras do projeto Cimento Social no morro da Providência, são acusados de levar as vítimas em um caminhão do Exército para o morro da Mineira, controlado por uma facção rival. Para o MPF, todos sabiam que os jovens entregues seriam mortos. O órgão pediu a quebra dos sigilos telefônicos dos denunciados, a fim de apurar se houve contato prévio entre os militares e os traficantes da Mineira.
"Demonstramos na denúncia a variada participação de cada um dos denunciados na barbárie cometida. Nosso objetivo é que, através do processo penal, consigamos a responsabilização dos denunciados na exata medida de suas culpabilidades, a fim de que a flagrante ofensa cometida aos direitos humanos não fique impune", afirma a procuradora Patrícia Núñez, autora da ação conjunta com os procuradores Neide Cardoso de Oliveira, José Augusto Vagos e Fábio Seghese.