A escolha do nome de um filhote de gorila do zoológico de Belo Horizonte colocou em campos opostos a prefeitura do município e o Ministério Público Estadual (MPE). Este último enviou recomendação à Fundação Zoo-Botânica, ligada à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), para que seja cancelado o concurso para escolha do nome do gorilinha pelo público porque as opções foram consideradas racistas.
O MPE atendeu representação feita pela organização não governamental (ONG) Instituto de Inovação Social e Diversidade Cultural (Insod), de que qualquer uma das escolhas pode estimular o racismo por relacionar nomes africanos a um primata. As opções são: Ayo, que significa “felicidade”; Jahari, ou “jovem forte e poderoso”; e Bakari, que é “o que terá sucesso”. Todos são usados como nomes próprios no continente africano.
Para o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), a polêmica em torno da escolha do nome é uma “tempestade em copo d’água”. “São nomes carinhosos, com significado bonito. Achamos que por um nome africano, independentemente de ser nome próprio ou não, seria dar ao gorilinha sua identidade africana. Respeitamos a cultura africana e somos contra qualquer forma velada ou clara de racismo”, disse.
Lacerda avaliou ainda que o MPE não deveria se ocupar da questão porque este “é um assunto de pouca importância” e “há tantos temas mais importantes na sociedade”. A reportagem tentou falar com algum representante do Insod ontem, mas ninguém atendeu o telefone que consta no site da entidade.
O resultado da escolha do nome do gorilinha estava previsto para ser divulgado hoje, mas, até o fim da tarde, a Fundação Zoo-Botânica não havia informado se o concurso estava mantido. O animal, filhote da fêmea Imbi com o macho Leon, é o segundo da espécie (Gorilla gorilla gorilla) nascido em cativeiro na América do Sul. O primeiro, batizado de Sawidi – “é amado, é querido, é desejado”, em tupi-guarani -, nasceu em 5 de agosto, também no zoológico de Belo Horizonte, filho de Leon com a fêmea Lou Lou.