O Ministério Público Estadual (MPE) entrou com uma ação civil pública para suspender as aulas e interromper as obras de ampliação no câmpus Leste da Universidade de São Paulo (USP). A instituição foi multada em novembro pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) por causa de contaminação do terreno da unidade. No pedido de liminar, o MPE também demanda detalhamento dos riscos à saúde e das questões ambientais no câmpus.
Além da transferência das atividades acadêmicas para outro local, o MPE solicita a paralisação imediata das obras do prédio “I1” e das novas ampliações da USP Leste sob pena de multa diária de R$ 100 mil. A Superintendência de Espaço Físico, órgão da USP responsável pelos projetos de expansão e reforma, fechou acordo com o MPE em 27 de setembro para a suspensão das obras. Segundo a auditoria técnica do Ministério Público e relatos de professores da unidade, porém, o trabalho dos operários continuou no local.
Outras exigências são a instalação imediata do sistema de extração de gases, principalmente metano, em todos os edifícios da unidade e esclarecimentos sobre a origem da terra contaminada no câmpus. A Assessoria de Imprensa da USP Leste alegou que as questões ambientais são de responsabilidade da Superintendência de Espaço Físico. Procurado pela reportagem, o órgão ainda não se manifestou sobre a ação civil pública.
Crise
Após a autuação da Cetesb por contaminação do câmpus da USP Leste em agosto, docentes, estudantes e funcionários iniciaram uma greve, que durou 50 dias. Pressionado, o diretor da unidade, José Jorge Boueri Filho, se afastou do cargo em setembro e Edson Leite, o vice, assumiu interinamente o posto. Boueri Filho foi apontado pelos manifestantes como o responsável pelos problemas ambientais e pelo despejo de terra contaminada no câmpus.
Em 31 de outubro, a universidade foi multada pela Cetesb em R$ 96,8 mil por não ter atendido às exigências técnicas feitas pelo órgão ambiental para a despoluição do terreno contaminado na USP Leste. Segundo a agência ambiental, o prazo proposto pela USP para a descontaminação total do solo foi dezembro de 2014. O ideal, de acordo com a Cetesb, seria tomar as providências até abril do ano que vem.