A Justiça decretou a prisão preventiva do vereador Eronaldo José de Oliveira (Solidariedade), o Ferrugem, e do secretário de Assuntos Jurídicos da Prefeitura de São Vicente, na Baixada Santista, Sinval Braz de Moraes, por suspeita de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

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Segundo os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a facção criminosa atua no transporte da cidade por meio da Cooperativa de Transportes de São Vicente (Cooperlotação), valendo-se da estrutura do transporte público municipal para a lavagem de dinheiro do crime organizado, comprando veículos em nome de laranjas. A suposta participação do prefeito da cidade, Luis Cláudio Bili (PP), é investigada pela Procuradoria Geral de Justiça.

Por meio de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, a investigação constatou que integrantes do PCC dominavam a cooperativa e já haviam se infiltrado no transporte público municipal. A Polícia Civil de Santos descobriu outros crimes como desvio de verbas pertencentes aos trabalhadores do transporte coletivo, que acabavam nas mãos da cúpula da facção criminosa e também o pagamento de propinas a agentes públicos.

Oliveira e Moraes foram presos no último dia 7, junto com mais 16 suspeitos de pertencer ao esquema, durante a Operação Martim Afonso, da Polícia Civil de Santos. Agora, além do parlamentar e do secretário, a Justiça decretou a prisão preventiva de mais 10 pessoas, incluindo diretores da cooperativa. Alguns presos tentam acordo de delação premiada. Segundo a investigação, dois suspeitos afirmaram que o prefeito recebia R$ 30 mil do esquema criminoso a cada 10 dias.

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Os promotores ofereceram denúncia criminal contra os presos. Em um dos trechos do documento, os promotores afirmam que o PCC se instalou na diretoria da cooperativa. “A partir da administração da Cooperlotação, a organização criminosa passou a atuar em diversas frentes, desde o desvio de verbas da entidade, intimidação dos permissionários para aquisição de suas permissões, corrupção de agentes públicos criando condições favoráveis para a manutenção da organização criminosa no controle da cooperativa e imposição de obrigações aos motoristas. De fato, apurou-se que um dos objetivos dos agentes é criar um ambiente desfavorável para os trabalhadores do ramo, a ponto de venderem seus alvarás, os quais são adquiridos pelos membros da organização criminosa, que aos poucos vão dominando todo o sistema de transporte, ainda que sob o nome de laranjas.”

Por meio de nota, o prefeito Luis Cláudio Bili negou as acusações. De acordo com a Prefeitura de São Vicente, não há necessidade, neste momento, da apresentação de um possível habeas corpus preventivo para Bili. “Meus advogados tiveram recentemente acesso aos autos, os quais robustecem minha inocência, sendo dispensado tal recurso”, diz Bili na nota. “Meus advogados estão orientados a dar todos os esclarecimentos necessários junto ao Juízo responsável, lembrando que desde o início abri mão de meu sigilo fiscal, bancário e telefônico”, destaca a nota.

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A Prefeitura de São Vicente afirma, na mesma nota, não ter condições de apresentar os posicionamentos do secretário municipal e do diretor da Secretaria de Transportes.

A reportagem entrou em contato com a equipe do vereador Eronaldo José de Oliveira (Ferrugem) em seu gabinete na Câmara de São Vicente. Segundo um funcionário do parlamentar, nenhum posicionamento oficial ou outras explicações serão apresentadas.