O Ministério Público do Rio Grande do Sul deflagrou nesta quarta-feira, 11, a sexta etapa da operação Leite Compen$sado, que investiga fraudes na produção e distribuição de leite. As autoridades estão cumprindo desde o início da manhã cinco mandados de prisão e 16 de busca e apreensão de documentos. Pela primeira vez a operação descobriu uma ramificação do esquema que envolve também o Paraná.
De acordo com o MP gaúcho, esta fase da operação se concentrou no envio de leite adulterado do norte do Rio Grande do Sul para a Confepar Agro-Indústria Cooperativa Central, com sede em Londrina, no Paraná. A cooperativa produz leite UHT e derivados da marca Polly. Após mais de seis meses de investigações, ficou comprovado que a Confepar tinha conhecimento de que adquiria leite fraudado ou em deterioração do Rio Grande do Sul. O volume total do produto levado do Estado pode chegar a 7,3 milhões de litros por mês.
A Cooagrisul, da cidade gaúcha de Taquaruçu do Sul, seria uma das fornecedoras do leite adulterado. Há indícios de que o presidente da cooperativa comprava ureia, uma das substâncias usadas para aumentar o volume do leite. A operação também aponta o envolvimento de diversas transportadoras que entregavam o produto adulterado.
Os mandados são cumpridos na cidade paranaense de Londrina, além de dez municípios gaúchos, entre eles Taquaruçu do Sul, Ijuí, Ibirubá, Campina das Missões, São Martinho e Cruz Alta. Até o momento quatro pessoas foram presas na ação: o responsável pela captação no posto de resfriamento da Confepar no município de São Martinho, Fernando Júnior Lebens; o presidente da Cooagrisul, Alcenor Azevedo dos Santos; o transportador de leite Diego André Reichert; e Cleomar Canal, um dos sócios da Transportes Três C, de Ibirubá. Conforme o MP, este último já foi denunciado pela mesma prática delituosa na primeira fase da Leite Compen$ado, em maio de 2013, mas o processo ainda não foi julgado. Uma quinta pessoa continua sendo procurada no Paraná.
Em coletiva de imprensa no início desta tarde na cidade gaúcha de Santo Augusto, o promotor Mauro Rockenbach disse que em apenas dois dias de fiscalização do Ministério da Agricultura 60 amostras de leite foram consideradas impróprias para o consumo. Segundo ele, o destino de todo esse produto era o Paraná. “A Confepar sabia que estava recebendo produto impróprio para o consumo. O que observamos é que essa cooperativa entrou no RS há aproximadamente 18 meses para realizar uma concorrência criminosa, pagando um valor maior pelo litro do leite e cooptando rotas de produtores que antes forneciam para outras indústrias”, afirmou.