O Ministério Público de Mato Grosso denunciou nesta quarta-feira, 3, sete investigados da Operação Assepsia por integrar organização criminosa que teria facilitado a entrada de celulares na Penitenciária Central do Estado. São eles o ex-diretor do presídio Revétrio Francisco da Costa; o vice-diretor, Reginaldo Alves dos Santos; os líderes do Comando Vermelho Paulo Cesar dos Santos, o “Petróleo”, e Luciano Mariano da Silva, o “Marreta”; e os policiais militares Cleber de Souza Ferreira, Ricardo de Souza Carvalhaes de Oliveira e Denizel Moreira dos Santos Júnior.

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O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Mato Grosso os acusa por participação em organização criminosa, introdução de celulares em presídios e corrupção ativa e passiva. As informações foram divulgadas no site do Ministério Público do Estado.

Segundo a denúncia, no dia 6 de junho de 2018, por volta das 13h, uma caminhonete Ford Ranger Preta ingressou na unidade levando sobre a carroceria um freezer branco “recheado” de celulares. O equipamento seria colocado na sala do diretor, mas acabou ficando em um corredor.

Os ocupantes do veículo não foram identificados por determinação dos diretores, indicou o Ministério Público. Posteriormente, com as diligências policiais, foi descoberto que a caminhonete pertencia a “Marreta” e estava sendo utilizada por amigos de facção.

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No mesmo dia, os PMs Cleber, Ricardo e Denizel foram à penitenciária à paisana com um veículo Gol, diz a Promotoria. Um deles carregava duas sacolas com objetos não identificados.

“Os três policiais entraram na sala de Revetrio, e em seguida ele ordenou que trouxessem para aquela sala o preso Paulo Cesar e ficaram ali, em reunião bastante informal, por mais de uma hora com o aludido preso”, diz a denúncia. De acordo com o documento, o “freezer recheado de celulares” era destinado a “Petróleo”, um dos líderes do Comando Vermelho denunciados.

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Em depoimento à polícia, o líder da facção afirmou que durante a reunião eles falaram sobre a entrada do equipamento. Ele contou que, na ocasião, Reginaldo, o vice-diretor do presídio, orientou o preso a retirar todos os aparelhos do freezer durante a noite, e utilizasse uma cola, que estava junto com os celulares, para fechar o aparelho.

“Petróleo” relatou ainda que na reunião foi combinado o pagamento de parte dos lucros obtidos com a comercialização dos celulares dentro do presídio. Segundo a Promotoria, o esquema foi descoberto após a troca do pessoal da guarda. Sem saber que o freezer seria levado diretamente para a sala do diretor, uma agente ordenou que o equipamento passasse pelo scanner.

Os agentes encontraram, então, sob o forro da porta do freezer, 86 aparelhos celulares, além de carregadores, baterias e fones de ouvido. Os aparelhos estavam envoltos em papel alumínio para tentar neutralizar a visão do scanner.

Os dispositivos foram apreendidos pelos policiais da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Judiciária Civil, que também acessaram as imagens de câmeras internas.

O Gaeco apontou que os membros da organização compartilham decisões e ordens por grupos de whatsapp e recursos similares. “Através dos celulares são dadas ordens, inclusive de execução de pessoas que se intrometam em seu caminho, e comprovado em tempo real o seu cumprimento. Dia a dia são vistos vídeos de execuções sumárias, com requintes de extrema crueldade, como forma de estimular a obediência às ordens dos comandantes da organização”, diz trecho da denúncia.

O Ministério Público indicou ainda que aparelho celular, comprado por R$ 700, chega a ser vendido a R$ 5 mil no interior do presídio. De acordo com o órgão, a venda dos 86 celulares e demais dispositivos apreendidos resultaria em mais de R$ 450 mil.