No primeiro sábado após o deslizamento no Morro do Bumba, em Niterói, algumas famílias que ainda estavam na favela começaram a deixar as casas. A maioria procurou abrigo na casa de parentes, mas muitos não sabem para onde ir. Ontem, três corpos foram encontrados no Morro dos Prazeres, no Rio, e sete em Niterói. No Bumba, o número de mortos chegou a 31. Os bombeiros ainda estimam que 150 pessoas estejam soterradas.
Durante a madrugada, os bombeiros encontraram, no Morro do Bumba, os corpos de Caíque Carvalho de Jesus, de 6 anos, e da avó dele, Nádia Regina Monteiro de Carvalho, de 49. Ele era filho da auxiliar de cozinha Sabrina Carvalho, de 26 anos, que perdeu os pais, o avô e uma irmã no deslizamento. Sabrina conseguiu salvar apenas o filho Caíque, de 7 meses.
“Estamos tirando os móveis da minha irmã. Não dá para continuar aqui”, disse pela manhã Reinaldo Guimarães, de 25 anos, que carregava um colchão. Um dos serviços mais procurados pelos era o cadastro de casas, que foram abandonadas ou soterradas. O vigia Edson Santos, de 39 anos, ainda tinha muitas dúvidas. “Eu quero saber se vou ser indenizado. Onde vou morar?”
De acordo com o coordenador da Defensoria Pública do Estado do Rio, Petrúcio Malafaia, todos os casos serão analisados e as vítimas serão indenizadas. “Não temos a intenção de buscar culpados, mas vamos analisar como as famílias podem ser ressarcidas.”
Já o Ministério Público Estadual anunciou que vai investigar a responsabilidade do poder público pela tragédia do Morro do Bumba. O promotor Luciano Mattos, da Tutela Coletiva, Urbanismo e Meio Ambiente, quer saber porque a prefeitura não tomou nenhuma atitude, mesmo estando de posse de estudos da Universidade Federal Fluminense (UFF) que indicavam risco de desabamento nesse e em outros locais da cidade. Segundo Malafaia, também será aberto inquérito para apurar as devidas responsabilidades.