O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Fernando Grella Vieira, investiga os contratos firmados pelas gestões de Marta Suplicy (PT), de José Serra (PSDB) e de Gilberto Kassab (DEM) envolvendo a terceirização da merenda escolar. A apuração começou após depoimento de uma testemunha, cuja identidade é mantida sob sigilo. Ela forneceu detalhes de um suposto esquema de corrupção, que envolve financiamento ilegal de campanha política e pagamento mensal de propina a fiscais e outras autoridades.

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Grella nomeou um assessor, Sérgio Turra Sobrane, homem com experiência em investigações sobre improbidade administrativa, para apurar o caso. Testemunhas estão sendo convocadas para depor em busca de mais detalhes que possam confirmar a denúncia. O Estado teve acesso ao depoimento. O Ministério Público Estadual (MPE) não quis se manifestar alegando que isso poderia prejudicar as investigações. O depoimento, por enquanto, seria um indício insuficiente para a apresentação de uma denúncia formal contra os acusados. Seria necessário que ele fosse confirmado por documentos ou outros depoimentos. É atrás disso que está o MPE.

Logo que a investigação sobre supostas irregularidades na merenda se tornou pública em fevereiro, a Prefeitura de São Paulo abriu investigação e afastou funcionários supostamente envolvidos com irregularidades. Um mês depois, no dia 11 de março, a testemunha X, como ela é chamada pela promotoria, depôs.

A testemunha acusou cinco empresas de terem se reunido para formar um cartel. Elas teriam procurado um político em 2001 e oferecido R$ 1 milhão para a campanha dele, além de pagamentos mensais para um integrante da Secretaria Municipal do Abastecimento. Nessa época houve a terceirização de parte da merenda municipal. O mesmo esquema teria sido, segundo a testemunha, estendido a Campinas, Rio Claro, São Sebastião, Marília e Guarujá.

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Encerrado o depoimento de nove páginas, os promotores enviaram cópia ao procurador-geral. Um outro depoimento, tomado em 16 de julho de 2008, já havia mencionado o suposto pagamento de propina a funcionários públicos municipais. O advogado contou aos promotores que a propina seria de 10% “sobre o valor dos contratos”. Ele apontou outras nove empresas como envolvidas no mesmo esquema.