Rio de Janeiro – A prisão recentemente do arquiteto Carlos César da Silva Sena, de 49 anos, acusado de pedofilia, é um alerta para pais de crianças e adolescentes que usam o computador em casa e na escola, disse ontem o promotor de Justiça Romero Lyra, responsável pela Coordenadoria de Investigações Especiais Eletrônicas do Ministério Público do Rio de Janeiro. Não é porque a criança está em casa, fisicamente protegida entre quatro paredes, que está a salvo, alerta o promotor. A atenção e o acompanhamento dos pais pode livrar os filhos de uma tragédia e, além disso, ajudar as autoridades a coibir esse tipo de crime, que utiliza a internet como ferramenta.

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?Uma criança que é aliciada revela seqüelas irremediáveis, irreversíveis e, certamente, vai ser estigmatizada para a vida toda. É um crime sério, que a gente pode e deve evitar. A humanidade depende das crianças, se você aniquila, deixa seqüelas, mata, abusa, destrói a criança, você não vai ter humanidade. Se não cuidarmos hoje de nossas crianças, a humanidade corre sérios riscos?, disse Romero Lyra.

Ele recomenda o acompanhamento da vida da criança na internet, verificando quais páginas foram visitadas, quais salas de bate-papo seus filhos freqüentam e quais os assuntos debatidos por eles nos grupos. ?Não é patrulhamento. Este acompanhamento faz parte do processo de formação da criança. A internet é uma porta aberta para a rua, para o submundo?, alerta.

Os pais precisam explicar para seus filhos que a pedofilia é um crime e que precisa ser denunciado: ?É preciso orientar as crianças a chamarem o pai ou a mãe quando notarem alguma coisa estranha. Muitas vezes a própria criança dá sinais de alerta quando olha o computador. Temos que fazer um alerta para o problema que é real, que não é virtual. Isso não é desenho animado, não é um filme produzido, é vida real, são crianças sendo torturadas?.

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De acordo com o promotor, atualmente existem em todo o mundo cerca de 20 mil sites na internet de pornografia infantil espalhados por todo o mundo. Combater a divulgação e a disseminação de pedofilia pela internet é uma ação difícil, que depende de normas e acordos internacionais.

?Não podemos agir quando recebemos uma denúncia de um site de pedofilia hospedado em outro país, o que torna tudo mais difícil. Há países como a China, por exemplo, em que a pedofilia não é vista como um crime?, disse, justificando a dificuldade de combater a pedofilia numa rede internacional.

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Lyra acrescenta: ?Precisamos assinar tratados internacionais, ter uma regulamentação específica em cada país para podermos enfrentar o problema. Enquanto as regras e regulamentações não vêm, a melhor solução continua sendo caseira, com atenção, orientação e disponibilidade redobradas para os pequenos internautas, que ainda estão descobrindo a vida, mas já dominam o ciberespaço?.

Alemão preso com menor no Recife

Recife – O alemão Walter Egon Theodor Haberl, de 44 anos, foi preso em flagrante ontem pela manhã em sua casa, na praia de Pau Amarelo, município metropolitano de Paulista. Ele estava em companhia de uma adolescente de 16 anos. Casado com uma brasileira, dois filhos, o alemão havia prometido R$ 80,00 por um programa com a menor, mas não pagou. Flagrado de cuecas, com a adolescente enrolada numa toalha, Haberl tentou escapar da autuação oferecendo bebida, cigarros e R$ 100 ao soldado PM Jorge Maciel da Silva e ao aluno do curso de formação Daniel Ribeiro da Silva, que dirigia a viatura da PM. O alemão foi enquadrado por favorecimento à prostituição, exploração sexual de menor (artigo 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente), com pena de reclusão de 4 a 10 anos, e por corrupção ativa (artigo 333 do Código Penal Brasileiro), que prevê de 1 a 8 anos de prisão. Ele foi levado à tarde para o Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel). De acordo com a delegada da Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA), Telma Araújo, o alemão costuma passar parte do ano no Brasil. Ele havia ido à praia e conheceu a menor, que estava em companhia de uma moça de programa, de 18 anos. Ele propôs o pagamento e as levou para casa, onde tomaram banho de piscina, fotografou as garotas seminuas e fez sexo oral com a menor, exigindo que ela retribuísse. Ela não aceitou. Diante do não pagamento do combinado e temendo pela menor, a mais velha saiu e chamou a polícia. A delegada afirmou que Haberl tinha intenção de fazer uma pousada na casa onde mora, em Paulista.