Movimentos sociais promovem ações pela saúde da população negra

Brasília – Uma data para lembrar que o racismo não existe apenas no comportamento dos brasileiros. Marca presença, também, no atendimento à saúde da população negra. Desde o ano passado, 27 de outubro é o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra.

Durante esta semana, houve ações por todo o país: rodas de conversas em postos de saúde, debates nas escolas e até mesmo seminários para mostrar à sociedade que o acesso e o tratamento dado aos negros são diferentes ? e discriminatórios ? na rede pública de saúde.

Entidades ligadas ao movimento negro e coordenadas pela organização não-governamental (ONG) Criola, com sede no Rio de Janeiro, promovem as ações em todo o país. Como cada uma delas é responsável pelas atividades, ainda não se sabe o número de pessoas nem de instituições envolvidas com a mobilização.

No ano passado, foram contabilizadas mais de 300 ações em 25 estados, número que deve ser maior este ano, segundo um dos membros da Secretaria Executiva da Mobilização, Celso Ricardo Monteiro, também coordenador da Rede Nacional de Controle Social e Saúde da População Negra. Até sexta-feira (2), as entidades envolvidas esperam ter um balanço das atividades.

?É preciso avançar na implementação da Política Nacional de Saúde da População Negra, que foi aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde, mas que agora falta implementar. Mais do que isso, é preciso trabalhar na perspectiva do combate às desigualdades presentes no Sistema Único de Saúde?, explicou Monteiro.

O ministro da saúde, José Gomes Temporão, em nota publicada ontem no site do Ministério da Saúde sobre a mobilização, afirmou que a aprovação, no ano passado, do texto da Política Nacional de Saúde da População Negra pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), é um marco no atendimento a essa população e que, dessa forma, ?o governo federal reconhece a existência do racismo institucional e a desigualdade étnico-racial?.

A pesquisadora Fernanda Lopes, especialista em saúde da população negra, falou sobre a necessidade de combater ?mitos? no sistema de saúde pública, como aquele de que a mulher negra sentiria menos dor e seria mais forte.

?É essa uma das razões que leva as mulheres negras a serem vítimas ‘preferenciais’ de um tratamento de baixa qualidade na atenção pré-natal ou na atenção no momento do parto e serem as maiores vítimas de morte materna?, citou Lopes.

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