Movimentos protestam contra “maquiagem” do Pan e pedem segurança

Rio de Janeiro – Um Rio de janeiro com cara de "cidade maravilhosa", com pontos bem policiados e gente na rua até tarde, mas que, depois dos Jogos Pan-Americanos, voltará ao "normal". Foi assim que representantes de movimentos como o Voluntários da Pátria e o Gabriela Sou da Paz definiram a cidade, em manifestação realizada nesta terça-feira (24), na Cinelândia, contra o que chamaram de "maquiagem" do Pan.

Numa paródia do esporte, os artistas do Voluntários da Pátria ironizaram o descaso com as mazelas do Rio, através de competições como "tiro ao alvo humano, que consiste em acertar o alvo, mas que pode acertar uma pessoa que não tem nada a ver", "salto na vala", com simulação de corpos cobertos com sacos pretos e "maratona de permanência nas filas de hospitais.

De acordo com Pedro Poeta, integrante do movimento, o protesto não é contra o Pan, mas uma reflexão "com humor amargo e irônico" sobre a cidade durante os jogos. "O policiamento é muito forte nas áreas de competição, mas e o resto da cidade? Os governos deveriam investir em segurança o ano inteiro, e também em saúde e educação para o Rio como um todo", afirmou Poeta.

Carlos Santiago, pai da adolescente Gabriela, morta por bala perdida durante um assalto na Tijuca, em 2003, também participou do protesto. Ele disse que o policiamento aumentou bastante no bairro em que mora e onde a filha foi morta, mas ressaltou que isso é uma coisa "pontual", pelo fato de a Tijuca estar no entorno do Estádio do Maracanã. "E depois? A Força Nacional vai ficar aqui no Rio para sempre?", questionou.

O vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, comandou a manifestação. O grupo perdeu, no ano passado, o guitarrista Rodrigo Netto, assassinado no Rio durante uma tentativa de assalto. "Eu acho que a idéia é fazer com que as pessoas acordem. Quando você vira as costas para acompanhar os seus direitos, a vida política, você está virando as costas também para o seu destino", disse ele.

"Claro que o Pan é importante, mas a sensação que eu tenho é que estamos vivendo num mundo do filme Matrix, um mundo paralelo, irreal, que não é o Rio de Janeiro, desabafou o músico.

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