São Paulo – Opostos nos ideais políticos, ideológicos e religiosos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de esquerda, e os Arautos do Evangelho, uma dissidência da Tradição, Família e Propriedade (TFP), ultraconservadores, têm soluções parecidas para problemas comuns. Insatisfeitas com o sistema educacional brasileiro, público e privado, as instituições decidiram investir em escolas próprias para formar os jovens.
Inauguradas no início deste ano em São Paulo, a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), do MST, e o Colégio Arautos do Evangelho Internacional pretendem preencher as lacunas deixadas pelo sistema convencional de educação, que segundo eles, não atende adequadamente aos anseios de suas respectivas comunidades.
"A educação é um direito básico numa sociedade democrática, mas esse direito sempre foi negado ao trabalhador do campo", disse Maria Gorete Sousa, coordenadora pedagógica da ENFF, em Guararema, pequena cidade ao sul da capital paulista. "A idéia é que a escola ajude a pensar o campo e melhorar a vida de quem mora nele. Queremos formar gente que possa ajudar a construir um País mais igualitário e menos injusto", disse Gorete, no MST há 18 anos.
Os Arautos querem resgatar a fé cristã e os valores da família. Mas a crítica ao sistema educacional não é o único ponto de convergência. As duas escolas foram erguidas com dinheiro doado por entidades não-governamentais, simpatizantes e algum recurso próprio. Até o valor dos empreendimentos é bem parecido – R$ 4 milhões. O total das vagas também é idêntico: 200.