Subiu para nove o número de terminais de ônibus da capital paulista que foram fechados nesta terça-feira, 20, por trabalhadores da categoria. Segundo a São Paulo Transporte (SPTrans), os Terminais Pirituba, na zona norte; Princesa Isabel, no centro; e Pinheiros, na zona oeste, estão bloqueados desde as 9h50. Fecharam as portas por volta das 11h15 as paradas Sacomã, na zona sul; Amaral Gurgel e Mercado, no centro; e Lapa, Barra Funda e Bandeira, na zona oeste.

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A SPTrans não soube informar o motivo exato da paralisação, mas, por meio de nota, disse repudiar “com veemência os fatos ocorridos, como a retirada de chaves dos coletivos, impedindo sua circulação”, acrescentando que “considera os atos sabotagem ao sistema e irá agir com o rigor necessário à apuração e punição dos envolvidos e responsáveis”.

A SPTrans divulgou ainda que acionou a Polícia Militar “e solicitará ao Ministério Público a apuração das responsabilidades sobre as paralisações registradas” nesta manhã.

Pelo Terminal Pirituba, circulam, em média, 55 mil passageiros diariamente, em 28 linhas. No Pinheiros, são 30 mil usuários, que têm à disposição 26 itinerários. Já o Terminal Princesa Isabel atrai 25 mil pessoas que se distribuem em 20 linhas.

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O Terminal Amaral Gurgel tem cerca de 58 mil passageiros por dia em 19 linhas de ônibus. Já pela Lapa passam 22 linhas e 55 mil pessoas diariamente. O Sacomã, por sua vez, tem 24 linhas.

Por volta das 13h, manifestantes que participavam do ato paravam coletivos na Avenida Pacaembu e obrigavam os passageiros a descerem dos ônibus.

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Na Avenida Eusébio Matoso, na zona oeste, dezenas de coletivos pararam por volta das 13h30 no corredor exclusivo ao centro da via. Centenas de passageiros foram obrigados a descer no meio da rua.

“De repente, chegou na Ponte Eusébio Matoso e parou. Eles pediram para todo o mundo descer”, disse a universitária Gisele Freitas, de 20 anos, que mora na região da Rodovia Raposo Tavares. “Estudo no Mackenzie, no centro, e estou atrasada. Vou ter que pegar o Metrô.”

A reportagem viu diversos ônibus parados também nas Avenidas Faria Lima e Rebouças por volta das 14h.

Mais cedo, funcionários da empresa Santa Brígida furaram pneus de oito ônibus na região central de São Paulo, em um protesto perto do Largo do Paiçandu.

Motoristas das empresas Transppass e Gato Preto, que operam nas zonas oeste e sul, disseram à reportagem que estão insatisfeitos com a condução da campanha salarial pelo sindicato da categoria. Em uma assembleia realizada nesta segunda-feira, 19, a entidade votou que aceitava o reajuste de 10% oferecido pelos patrões.

“Mas não foi só isso que o atual presidente, Valdevan Noventa, nos prometeu. Estávamos esperando um reajuste maior”, afirmou um condutor que não quis se identificar.

Um grupo de dezenas de motoristas e cobradores promete fechar o Terminal Bandeira, no centro. O grupo saiu do Largo do Paiçandu por volta das 14h20. No Viaduto do Chá e na Praça Ramos de Azevedo há vários ônibus parados.

Na segunda-feira, 19, membros do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindimotoristas) aprovaram em assembleia a proposta de reajuste salarial de 10% oferecida pelas empresas em que trabalham. A entidade, por meio de sua assessoria de imprensa, se disse “surpresa” com a manifestação.

“É uma paralisação que não é reconhecida pelo sindicato, de uma minoria, cerca de 200 pessoas, que não estão satisfeitas com os 10% conquistados na campanha salarial”, afirma Romualdo Santos, assessor da presidência do sindicato. “É uma arruaça. Estamos tentando fazer uma assembleia com esse pessoal.”

De acordo com ele, as paralisações nos três terminais e no Largo do Paiçandu foram coordenadas por trabalhadores das garagens da empresa Santa Brígida. Conforme os ônibus de outras empresas e consórcios vão chegando às paradas, eles vão sendo obrigados a não sair, disse Santos.

O prefeito Fernando Haddad (PT) ficou surpreso com os atos desta terça-feira. “Ontem, eu recebi uma comunicação do sindicato dos empresários dizendo que fecharam o acordo com a categoria. Para mim foi uma completa novidade uma dissidência desse sindicato que não aceita os termos do acordo. Pedi para o Jilmar [Tatto, secretário municipal de Transportes] avaliar o que está acontecendo para tomar as providências cabíveis. Eu entendo que, se há o acordo, ele tem que ser cumprido”.