Laudo do Instituto de Criminalística (IC) apontou “falha no isolamento” de eletricidade de uma câmera de monitoramento instalada no poste em que o folião Lucas Antônio Lacerda Silva, de 22 anos, foi eletrocutado em um bloco durante os festejos de carnaval na capital paulista neste ano. Segundo a perícia, a presença de um fio desencapado pode ter tornado o poste condutor de eletricidade. Para a Polícia Civil, a informação ajuda a explicar a morte do jovem, mas não é o único elemento que ocasionou a tragédia.
Silva morreu no dia 4 de fevereiro, após pular uma grade de proteção e encostar em um poste da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), na esquina da Consolação com a Mathias Aires, onde havia duas câmeras instaladas para monitorar o público do carnaval. A ocasião era o desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, um dos mais tradicionais de São Paulo.
Uma dessas câmeras, a de número 27, tinha “presença de cabos elétricos seccionados no interior da caixa de proteção”, segundo análise do IC. Para o perito, a falta de isolamento seria “resultante de descuido e desrespeito às normas técnicas” e pode ter energizado a caixa de isolamento e o poste metálico que Silva encostou.
As informações constam de laudo complementar, divulgadas nesta quinta-feira, 19, pelo SPTV, da Globo. Em fevereiro, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) já havia apontado que o jovem foi vítima de uma descarga elétrica.
Para policiais do 4º Distrito Policial (Consolação), responsáveis pela investigação, no entanto, não é certeza que a falha de isolamento na câmera, por si só, tenha gerado a descarga que matou Silva – uma vez que o laudo IC apontaria “possível energização”. Imagens de câmeras de segurança, registradas antes da tragédia e coletadas pela Polícia Civil, mostram pessoas encostando no mesmo poste sem sofrer choque.
Segundo depoimento de funcionários da Eletropaulo, que estiveram no local após a tragédia, era outro poste, da Ilume, a poucos metros de distância, que estava energizado. Neste, estariam encostadas grades de segurança, também energizadas, segundo a Polícia Civil.
A tese dos investigadores é que todos esses elementos tenham “concorrido” para a morte de Silva. Em uma das perguntas feitas ao IC para elaboração do laudo complementar, o delegado questiona se “haveria possibilidade de indução de energia em intensidade suficiente para alcançar a vítima e contribuir para o resultado final”. “Sim”, foi a resposta do perito.
Em nota, a Prefeitura, que contratou a empresa responsável pela organizar o carnaval, afirmou que “desconhece o teor do laudo” e que “aguarda a conclusão das investigações para adotar as medidas necessárias”. A reportagem não conseguiu contato com a Dream Factory, vencedora da licitação, nem com a GWA Systems, que instalou as câmeras de monitoramento.