Rio
– Mesmo com a presença da Polícia Militar, comerciantes da Favela do Jacarezinho e do bairro do Cachambi, na zona norte do Rio, foram obrigados a fechar as portas ontem. Eles tiveram de obedecer a bandidos que impuseram luto pelo traficante Waldir Ferreira, o Vado, chefe do tráfico na comunidade, morto em confronto com a polícia anteontem. Sem alunos, escolas também deixaram de funcionar. Cento e cinqüenta PMs ocuparam as principais vias de acesso ao Jacarezinho para evitar que os moradores fizessem manifestações por causa da morte de Vado, suspeito de ter ligações com o cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, e de Rodrigo Cláudio de Moraes Silva, conhecido como Macarrão, que também seria traficante local e foi morto durante o tiroteio. Alguns comerciantes chegaram a abrir as lojas, mas a maioria preferiu respeitar a ordem dos bandidos. Eles contaram que algumas pessoas percorreram a pé as ruas mandando que os estabelecimentos fechassem e só reabrissem às 18h. Homens em um carro também fizeram ameaças. Foi a segunda vez em uma semana que traficantes forçaram o fechamento do comércio no Rio.Na segunda-feira, as lojas da Praça Saenz Peña, na Tijuca, zona norte, não puderam funcionar por ordem de bandidos do Morro do Salgueiro. O chefe de Polícia Civil do RJ, Zaqueu Teixeira, rechaçou a hipótese de queima de arquivo para a morte de Vado. Segundo o delegado, o traficante valeria mais para a polícia se estivesse vivo. “Estávamos num bom momento para prendê-lo, mas houve uma operação policial e ele reagiu”, disse Teixeira. Vado foi baleado por policiais durante operação no Jacarezinho. A operação tinha como objetivo localizar o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, acusado da morte do jornalista Tim Lopes. Elias estaria no Jacarezinho sob proteção da quadrilha de Vado, conforme denúncia recebida pela polícia. Ninguém foi preso.