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Maria Zenaide: veio ao
Brasil e perdeu o marido.

Rio – A morte do turista espanhol Juan Carlos Ronceiro, de 34 anos, baleado ao reagir a um assalto no Aterro do Flamengo na tarde de sexta-feira, agravou a crise desencadeada pelo crescimento dos ataques a turistas no Rio nas últimas semanas. Apesar da operação Turismo Seguro, que já recolheu quase 200 menores nas ruas da zona sul desde quarta-feira, o turista sofreu uma tentativa de assalto por dois adolescentes que usavam uniforme escolar. Ao reagir, foi baleado por um terceiro assaltante, que estava de bicicleta.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Alfredo Lopes, classificou o crime como mais um duro golpe na imagem da cidade. Com uma bala alojada na nuca, Ronceiro teve morte cerebral diagnosticada no Hospital Municipal Souza Aguiar na noite de anteontem. O corpo do espanhol chegou ao Instituto Médico Legal no final da madrugada, mas até o fim da manhã de ontem a mulher dele, a brasileira Maria Zenaide de Souza, de 30 anos, não tinha chegado para retirar a guia de liberação. O corpo deverá ser levado para a Espanha ou para a Suíça, onde o casal morava. Eles estavam no Rio há duas semanas e planejavam viajar para Fortaleza, terra natal da mulher.

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Ainda na noite de sexta, policiais militares detiveram três suspeitos em um casarão no Catete, bairro vizinho ao Flamengo. Levados para Delegacia Especializada de Atendimento ao Turista (Deat), dois deles confessaram participação no assalto. A mulher do espanhol reconheceu, por meio de fotos, S.S.C., de 17 anos, como o autor do disparo. Ele ainda está sendo procurado.

Há oito dias, a turista japonesa Yoshiko Magoshi, de 61 anos, foi esfaqueada na orla de Copacabana durante um assalto. Atropelada ao tentar fugir dos agressores, permanece internada em estado grave num hospital particular da zona sul. No início da madrugada de ontem, um casal de chilenos foi assaltado no calçadão de Copacabana.

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Aliás, de cartão de visitas da cidade, Copacabana passou a ser uma espécie de terra do desespero para muitos turistas. Uma turista japonesa esfaqueada e atropelada ao fugir dos bandidos, uma alemã e seu filho roubados por ladrões em bicicletas, um italiano furtado ao mergulhar na praia, um grupo de três ingleses assaltados. Estes casos de ataques a turistas registrados no fim de semana passado têm algo em comum: aconteceram na Praia de Copacabana ou em ruas próximas. A "Princesinha do Mar" concentra o maior número de roubos e furtos a turistas na cidade: 51,6% do total registrado de janeiro a setembro deste ano. Nesse período, foram 1.265 ataques a turistas no bairro, três vezes mais do que em Ipanema, o segundo colocado nesse triste ranking.

Apesar de a maior parte dos menores recolhidos nas ruas nos três dias de operação da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente ter passado menos de uma hora nos abrigos da prefeitura, o secretário de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, afirmou ontem que a ação da polícia vai continuar.