Ao menos oficialmente, a morte de Marcelo Cavalcante, ex-assessor da governadora gaúcha Yeda Crusius (PSDB), ainda é uma incógnita. Nem a Polícia Civil nem o Ministério Público do Distrito Federal têm elementos para assegurar que Cavalcante cometeu suicídio. Há evidências nesse sentido, como mensagens de despedida enviadas a familiares, mas a investigação prossegue. Nos próximos dias, a Justiça deverá se pronunciar sobre um pedido da polícia para quebrar o sigilo telefônico e bancário de Cavalcante.
Os investigadores querem esquadrinhar as contas do ex-assessor de Yeda e saber se ele recebeu ameaças. “Todos os indícios levam a crer que foi suicídio, mas nenhuma hipótese pode ser descartada no momento. Nem mesmo a possibilidade de ele ter sido assassinado”, diz o promotor Marcelo Leite Borges. O corpo de Marcelo Cavalcante foi encontrado no Lago Paranoá, em Brasília, no dia 17 de fevereiro. Um dos personagens centrais da denúncia de caixa 2 na campanha de Yeda, Cavalcante trabalhou como representante do governo do Rio Grande do Sul em Brasília.
A suspeita de suicídio é baseada principalmente nas mensagens de texto que Cavalcante enviou à filha e à mulher, Magda Koenigkan, no dia em que desapareceu e em testemunhos de amigos, segundo os quais estava depressivo, com problemas financeiros e conjugais. Mesmo assim, ainda não há elementos que permitam descartar a hipótese de ter sido morto.
O PSOL do Rio Grande do Sul voltou ontem a acusar o PSDB de uso de caixa 2 na campanha que elegeu a governadora Yeda Crusius em 2006 e citou o marido da tucana, Carlos Crusius, como um dos arrecadadores. O presidente estadual do partido, Roberto Robaina, a deputada federal Luciana Genro e o vereador Pedro Ruas apresentaram à imprensa cópias de e-mails que, segundo eles, comprovariam as denúncias. Também prometeram levar os documentos ao Ministério Público, para pedir a reabertura da investigação sobre a compra de um imóvel pelo casal Crusius.