Rio – Chega a ser um paradoxo: enquanto a guerra entre traficantes deixou ontem cinco mortos e nove feridos, o Rio é sede da 18.ª reunião do Grupo do Rio, que tem entre seus principais temas discutir como pacificar o Haiti. A obtenção de uma declaração uníssona e concreta de apoio econômico e político ao Haiti é a principal expectativa brasileira para o documento final a ser aprovado na reunião, que termina amanhã. “Queremos obter a plena admissão de que essa tarefa de recuperar o Haiti é responsabilidade de todos”, afirmou o embaixador Luiz Felipe Macedo Soares, adjunto do chanceler Celso Amorim na presidência pró-tempore do grupo exercida este ano pelo Brasil.
O evento no Rio reúne representantes do Brasil e de outros 18 países das Américas do Sul e Central, além do Caribe e México. Soares, que no Itamaraty ocupa o cargo de subsecretário-geral para a América do Sul, lembra que a reunião pode significar um passo importante também na aproximação econômica desses países. “Depois do protocolo assinado com o Pacto Andino, já estão dadas as condições para que a América do Sul venha a ser uma área de livre comércio. Agora, vamos avançar com a América Central e o Caribe. Com o México, também já teremos uma primeira reunião no começo de 2005.”
Enquanto os diplomatas se debruçam sobre esses temas, a guerra entre traficantes rivais corre solta na cidade e ontem deixou cinco mortos e pelo menos nove feridos no complexo de favelas da Maré, na zona norte do Rio, entre eles um menino de 6 anos, baleado quando estava com o pai na favela Baixa do Sapateiro. No início da madrugada, traficantes armados de uma favela próxima, a Vila dos Pinheiros, invadiram a comunidade em vários carros para tomar pontos de vendas de drogas. Eles entraram atirando em uma praça onde dezenas de pessoas conversavam em bares, provocando pânico e correria. Três corpos foram achados numa Kombi.
O menino teve o tronco atravessado por uma bala, mas nenhum órgão vital foi atingido. Ele teve alta ontem mesmo do Hospital Geral de Bonsucesso (HGB), onde foram atendidos outros oito feridos. O garoto mora com a mãe em Mesquita, na Baixada Fluminense, mas visitava o pai.