Morreu Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, que havia sido baleada no Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, na região de Seropédica, na noite de quinta-feira, 7, durante abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A rodovia liga Duque de Caxias a Itaguaí, na Baixada Fluminense. A criança estava dentro do carro da família quando foi atingida pelo tiro. Um dos disparos atingiu a coluna e a cabeça da criança.
Além dela, estavam no carro o pai, a mãe, a irmã de 8 anos e uma tia, que não se machucaram. Heloísa não resistiu à piora do quadro clínico após nove dias de internação no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes. Ela teve parada cardiorrespiratória e morreu às 9h22, segundo a prefeitura de Duque de Caxias.
Segundo os relatos do pai de Heloísa, o veículo da família passou perto do posto da PRF sem ser abordado e depois, foi seguido de perto por um carro da polícia. O homem conta que, ao reduzir a velocidade e dar seta, indicando que iria parar, os agentes atiraram contra o veículo. A PRF disse que houve disparos por suspeita de que o veículo dirigido pela família fosse roubado.
A Procuradoria apura suposto crime de lesão corporal ou tentativa de homicídio qualificado pela idade da vítima. Também investiga a informação de que um policial à paisana teria ido ao centro de terapia intensiva onde Heloísa ficou internada.
Em nota, a PRF informou que se solidariza com a família de Heloísa e que sua Comissão de Direitos Humanos está acompanhando a família para acolhimento e apoio psicológico. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF).
Na semana passada, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse nas redes sociais que mandou acelerar a revisão de protocolos da PRF. “E mandei acelerar a revisão da doutrina policial e manuais de procedimento na PRF, como já havia determinado quando da demissão dos policiais do caso Genivaldo, em Sergipe. Outras medidas serão informadas em breve”, afirmou o ministro.
Nesta semana, Justiça Federal condenou a União a pagar R$ 1 milhão por danos morais ao filho de Genivaldo de Jesus Santos, que morreu ao ser trancado no porta-malas de uma viatura da PRF, durante abordagem feita no município sergipano de Umbaúba, em maio de 2022. A sentença também obriga a União a pagar mensalmente uma pensão no valor de dois terços do salário mínimo, até que ele complete 24 anos.
Segundo a plataforma Fogo Cruzado, que monitora a violência no Rio, Heloísa e pelo menos outras sete crianças morreram baleadas neste ano.
No mês passado, o Fogo Cruzado lançou a plataforma Futuro Exterminado, onde é possível consultar informações sobre cada criança e adolescente vítima de violência armada no Grande Rio desde 2016 (https://fogocruzado.org.br/mapa-futuro-exterminado). /COM AGÊNCIA BRASIL