O Rio de Janeiro perdeu uma das vozes mais marcantes dos desfiles das escolas de samba. José Bispo Clementino dos Santos o Jamelão, morreu na madrugada deste sábado (14), aos 95 anos, de infecção generalizada na clínica Pinheiro Machado, em Laranjeiras, Zona Sul, onde estava internado desde a última quinta-feira (12).
O velório, aberto ao público, está previsto para começar s 18h na quadra da Estação Primeira de Mangueira, escola do coração de Jamelão, onde ele era o intérprete oficial.
Pouca gente sabia que Jamelão era policial civil e ficava furioso quando alguém o chamava de puxador ele logo dizia: "puxador de fumo, de saco, eu não. Eu sou é cantor, intérprete". O artista manteve-se fiel mangueira por 56 anos.
Outra característica marcante de Jamelão eram os vários elásticos que ele sempre trazia presos aos dedos. A princípio ele dizia aos amigos que "era para guardar dinheiro". Mais tarde ele dizia que os elásticos amarravam "quem tinha olho grande nele e era para não deixar o dinheiro sair do bolso dele".
Interpretando as músicas românticas de Lupicinio Rodrigues, especializou-se no samba canção, chegando a gravar dois discos dedicados obra do grande compositor gaúcho, os consagrados Jamelão Interpreta Lupicinio Rodrigues (1972) e Recantando Mágoas A Dor e Eu (1987).
O puxador e compositor da Beija-Flor de Nilópolis, Neguinho da Beija-Flor é um dos poucos que seguem a escola do mestre. Nunca deixou sua escola de coração, a exemplo de Jamelão. Ao falar sobre o amigo, Neguinho diz: "Jamelão é insubstituível. Ele foi amigo do meu pai e me tinha como um filho. Me inspirei nele, quando comecei".
O enterro de Jamelão será amanhã (15), s 11h, no cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária da cidade. A tradicional feijoada da família mangueirense, que aconteceria hoje (14) na quadra, foi transferida para o próximo sábado (21), quando a Mangueira fará um Tributo a Jamelão.