O arquiteto e urbanista Jorge Wilheim morreu na madrugada de ontem, aos 85 anos, em São Paulo, em consequência de um acidente de carro sofrido em dezembro. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, no Morumbi, e foi sepultado no Cemitério Israelita do Butantã ainda na tarde de ontem. Deixa mulher, dois filhos e netos.
Nos 60 anos que dedicou à arquitetura e ao urbanismo, o italiano nascido em Trieste que emigrou para o Brasil aos 12 anos jamais parou de pensar a cidade que o acolheu, caótica e carente de planejamento. Wilheim assina projetos que se tornaram cartões-postais paulistanos, como a reurbanização do Vale do Anhangabaú e a recuperação do Pátio do Colégio, ambos na região central. Também são dele os projetos do Parque do Anhembi, do Hospital Albert Einstein, do clube A Hebraica, do Jockey e do Shopping Center 3, entre outros.
Trajetória. Formado em Arquitetura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, encarou logo no início da carreira o desafio de projetar Angélica, uma cidade de 15 mil habitantes em Mato Grosso.
Em nota divulgada ontem, o Mackenzie afirmou que a “arquitetura perde um ícone”. “Wilheim soube como ninguém aliar a capacitação técnica e a articulação política. Durante toda a sua vida, colocou seu conhecimento a serviço do interesse público, exercendo cargos importantes na administração pública municipal e estadual”, disse o arquiteto Valter Caldana Junior, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da universidade.
Defensor do planejamento estratégico, Wilheim foi pioneiro na criação dos Planos Diretores – ao longo da carreira, assinou planos urbanísticos de mais de 20 municípios, entre eles, o de São Paulo.
No campo político, foi secretário de Economia e Planejamento do Estado (1975-1979) – quando criou o Procon, a Fundação Seade, a Empresa Metropolitana de Transporte Urbano (EMTU) e o vale-transporte – e duas vezes secretário Municipal de Planejamento (1983-1986 e 2001-2004). Ele foi também secretário de Meio Ambiente do Estado (1987- 1991) e presidente da Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo (1991-1994). Assumiu, ainda, a presidência da Fundação Bienal de São Paulo, em 1985.
“O Estado de São Paulo perde hoje um grande homem e a Fundação Seade, um amigo”, afirmou Maria Helena Guimarães de Castro, diretora executiva da Fundação Seade. A ministra da Cultura, Marta Suplicy – de quem ele foi secretário -, lembrou do “renome internacional” de Wilheim. “Deixa enorme vazio pela sua lucidez, visão de mundo, competência e seriedade”, declarou.
O arquiteto publicou dez livros. Entre eles, São Paulo Metrópole 65 (1968), O Substantivo e o Adjetivo (1976) e A Obra Pública de Jorge Wilheim (2003). A edição de 2011 de São Paulo: Uma Interpretação foi reconhecida como melhor livro publicado sobre São Paulo naquele ano, pela Academia Paulista de História.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.