O dia seguinte à operação que deixou 19 mortos e 9 feridos no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, foi marcado pela revolta dos moradores. A polícia era ontem o alvo de todas as reclamações. "No dia da operação (quarta-feira), os policiais quebraram o vidro do meu carro e roubaram o rádio", disse um homem que não quis ser identificado.

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Algumas pessoas diziam que, dos cinco menores mortos no confronto de anteontem, um era deficiente físico, e outro, estudante. Ontem havia moradores que sequer paravam quando era abordados pela imprensa. Alguns até xingavam os jornalistas. "Esses F.D.P. só falam bem da polícia!.

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), integrante da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), foi a única autoridade a ir ontem ao Complexo do Alemão. Ele foi acompanhado do coordenador do AfroReggae, José Júnior, e de representantes da ONG Justiça Global. "As favelas continuam as mesmas. Lá dentro vi homens com armamento pesado e o Estado continua ausente", afirmou o parlamentar, que disse ter ouvido vários relatos de abusos, espancamentos, extorsões e até saques feitos por policiais.

Relatos de inocentes executados se multiplicavam: um surdo-mudo que não teria obedecido a ordem de parar e teria sido morto a tiros; um estudante, atingido em casa ainda de mochila; e um deficiente físico, executado. Essa histórias serão apresentadas à Comissão de Direitos Humanos da Alerj.

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