Um morador que morreu de frio foi velado na calçada porque a família dele não foi encontrada. João Carlos Rodrigues, 55 anos, morreu na escada de uma estação de metrô da capital paulista na última sexta-feira, quando os termômetros da cidade registraram temperatura mínima de cinco graus.

continua após a publicidade

De acordo com testemunhas, o homem teve convulsões antes de morrer, sozinho, ao lado da mochila onde guardava roupas doadas e documentos. “A situação que o povo da rua vive hoje em São Paulo é como a dos refugiados na Europa: ninguém os quer. Aqui, são refugiados urbanos. Onde estão, incomodam. São deportados dentro da cidade, sempre de um lado para o outro”, disse o padre Julio Lancellotti, em entrevista ao portal G1.

O padre é da pastoral católica do Povo da Rua e é conhecido pelo trabalho dedicado a grupos marginalizados como moradores de rua, usuários de crack, travestis e prostitutas da cidade. Foi ele que disse as preces na calçada, tendo como audiência outros cinco moradores de rua e um grupo de assistentes sociais.

João Carlos Rodrigues, de 55 anos é uma das quatro pessoas encontradas mortas nos últimos cinco dias nas ruas de São Paulo, onde uma onda sem precedentes de frio tem sido registrada neste outono atípico.

continua após a publicidade

Ele foi enterrado na segunda-feira (13), no cemitério municipal da zona leste. O padre reconheceu o morto pelo cobertor. “Ele buscou lá na igreja. Nós o conhecíamos. Era um cara que batalhava para sobreviver”, disse.

João Carlos fazia bicos coletando material reciclável e montando estrutura para shows para a prefeitura. Ele tinha alugado um quarto, mas quando a demanda por trabalho acabou ele teve que voltar a viver a rua e calhou de acontecer justo nesta época de frio intenso. A preocupação do padre Julio Lancellotti é que outras pessoas estão na mesma situação e o inverno nem começou ainda.

continua após a publicidade