Morador afetado por deslizamento passa noite na rua

Cerca de dez pessoas, entre as 220 que tiveram suas casas afetadas pelo deslizamento de terra no bairro Jardim Maringá, na Penha, zona leste da capital, ontem, passaram a madrugada de hoje na rua, conversando em rodas de vizinhos e tomando café. Duas famílias com seis crianças aceitaram abrigo temporário num clube municipal da região e as outras buscaram apoio em casas de parentes ou amigos.

Na manhã de hoje, uma reunião na subprefeitura da Penha com moradores e a Defesa Civil pode decidir o futuro das residências. Cerca de cem casas sofreram danos com o deslizamento e quarenta e cinco foram interditadas. “Se de manhã minha casa continuar como está vou entrar de novo, não tenho para onde ir nem dinheiro para pagar aluguel”, disse a babá Ercília Aparecida da Costa, 45 anos.

Sentada na calçada em frente à sua residência, na Rua Fernandes Portoalegre, Ercília atravessou a madrugada relembrando a história do terreno com seu vizinho, o segurança Juarez Oliveira dos Santos, de 53 anos. “Viemos em 96 para cá, quando isso era um barranco cheio de carrocerias de caminhão e lixo”, afirmou Juarez. Ele disse que, antes de construir, o grupo de moradores foi até a subprefeitura da Penha conversar com um engenheiro. “Ele falou que não queria trabalho nem preocupação e liberou pra gente fazer as casas, desde que fossem de alvenaria”, afirmou. “Limpamos tudo e iniciamos a obra”.

Ercília, viúva, e Juarez, que perdeu o filho recentemente, não querem sair de suas casas. “Estamos há 14 anos aqui, gastei mais de R$ 20 mil só em material de construção”, disse ele, que reivindica há anos a construção de um muro de arrimo à Prefeitura. “Na época da eleição sempre vêm uns políticos, prometem mundos e fundos, mas não fazem nada. Se tivessem construído pelo menos o muro de arrimo, isso (o deslizamento) não teria ocorrido”, disse.

Duas famílias aceitaram o abrigo oferecido pela Prefeitura, no Centro Desportivo Municipal da Vila Matilde, conhecido por “Cruzeirinho”, e passaram a noite lá. Todos aguardam com expectativa a reunião marcada para as 7 horas de hoje, que pode definir o futuro dos desabrigados.

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