Monumento lembra estudantes mortos durante a ditadura militar

Um monumento que traz uma bandeira dilacerada e com várias pegadas de vidro, representado os estudantes mortos pela ditadura militar, foi inaugurado na Praça Ana Amélia, no centro da cidade do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (28), 40 anos após o assassinato do secundarista Edson Luís Lima Souto, que tinha 18 anos.

É o primeiro monumento inaugurado em praça pública pela Presidência da República em memória aos mortos e desaparecidos durante o regime militar, segundo o ministro Paulo Vanucchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos. "É um patrimônio protegido por lei, que permite aos transeuntes pararem para perceber que, ao lado de figuras como Tiradentes, Frei Caneca e tantos outros heróis da História brasileira dos séculos 18 e 19, também há muitos heróis do século 20. E o Edson Luís encarnava, melhor do que ninguém, a estupidez da violência do regime ditatorial", disse Vanucchi.

Uma placa contando a história do secundarista paraense também foi colocada na praça, que recebeu uma coroa de flores. Estudantes e antigos militantes do movimento estudantil acompanharam o ato. Um grupo da União Nacional dos Estudantes (UNE) levou uma faixa com os mesmos dizeres da que correu as ruas da cidade há 40 anos: "Mataram um estudante, podia ser seu filho".

Jean Marc Von Der Weid, de 62 anos, que presidia o Diretório Acadêmico da Escola de Química da antiga Universidade do Brasil, hoje Federal do Rio (UFRJ), lembrou do dia em que Edson Luís foi morto: "Como não havia muitas faculdades com aulas noite, resolvemos parar os espetáculos noturnos para trazer mais gente para a Cinelândia [no centro], com o objetivo de impedir que a polícia entrasse e roubasse o corpo dele. Nós chegamos a parar uma apresentação da peça Roda Viva. Eu entrei no palco e contei o que tinha acontecido. A Marieta Severo [atriz] teve uma crise de choro."

O secundarista, que não era um ativista política, foi assassinado durante manifestação organizada pelos estudantes no restaurante que era conhecido como Calabouço, uma espécie de "bandejão" da época, por melhores refeições. Ele levou um tiro no coração e teve o corpo carregado pelos colegas, até a Assembléia Legislativa, para evitar que fosse levado pela Polícia Militar. O velório e a autópsia foram feitos na própria Assembléia.

A mãe de Edson Luís, Maria de Belém Souto Rocha, viajou de Belém para participar da homenagem. Aos 84 anos, ela se disse "muito alegre e triste ao mesmo tempo" com a recordação do passado: "Foi uma homenagem linda, de que eu pude participar antes de morrer. Agradeço a vocês."

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