O dependente químico Silas Tavares de Matos, de 58 anos, morreu asfixiado após ser amarrado a uma maca e amordaçado, em uma clínica terapêutica, em São Roque, interior de São Paulo. Ele se tratava de dependência de crack e teria tido um surto na segunda-feira, 4. Horas depois de ser contido e amarrado, ele foi encontrado morto por sufocamento. O monitor Carlos Renato Carvalho, de 32 anos, foi preso pela polícia, acusado de homicídio doloso. A família vai processar a clínica.

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De acordo com familiares, Matos tinha sido internado em novembro de 2014, após apresentar crises psicóticas em razão do consumo de drogas. Em dezembro, a família foi buscá-lo para passar o Natal com a esposa e o filho de 11 anos, na capital. Ainda segundo os familiares, ele voltou a usar drogas, passou mal e teve de ser levado de volta à clínica para desintoxicação. O monitor amarrou os pés e as mãos do paciente e o prendeu à maca com talas de contenção. Incomodado com os gritos de Matos, ele o amordaçou.

De acordo com a polícia, ao constatar a morte do dependente, Carvalho teria simulado um acidente, como se ele tivesse se enforcado ao cair da maca.

O corpo de Matos foi sepultado na manhã desta quarta-feira, 6, no Cemitério da Vila Formosa, na zona leste de São Paulo. Seu irmão, Eliezer Tavares, disse ter sabido por outros funcionários que o monitor havia agredido o dependente durante o fim de semana.

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Em depoimentos à Polícia Civil, testemunhas confirmaram as agressões e disseram que o monitor impediu que a vítima fosse socorrida. A família vai processar a clínica.

A direção do Centro Terapêutico Renascimento e Renovação informou que está colaborando com as investigações da Polícia Civil e acredita que a morte tenha sido acidental. Segundo a direção, o paciente estava transtornado por causa de um surto esquizofrênico, e o monitor tomou uma atitude isolada de contê-lo, mesmo não sendo autorizado a fazer a contenção de pacientes.

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Após ser preso à cama, Matos soltou uma das mãos e, ao tentar descer, caiu e a faixa do peitoral prensou sua garganta.

Ainda segundo a direção, não havia reclamação anterior em relação à suposta agressividade do monitor. Além do homicídio doloso – com intenção de matar -, o suspeito vai responder por fraude processual, por ter alterado o cenário do crime. Ele foi levado para o Centro de Detenção Provisória de Capela do Alto.

A Polícia Civil ouviu funcionários e pacientes da clínica e aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML) para dar sequência ao inquérito.