A Organização das Nações Unidas (ONU) enviará uma missão ao Brasil para avaliar a situação do trabalho escravo no País. A relatora especial das Nações Unidas que lida com as formas contemporâneas de escravidão, Gulnara Shahanian, já indicou ao Itamaraty que pretende realizar a missão até o início do próximo ano. Em seu relatório que será apresentado amanhã em Genebra, Gulnara alerta que 27 milhões de pessoas no mundo são vítimas de trabalho escravo. “Não há país imune a essa proliferação, especialmente no caso de crianças”, afirmou.
Segundo ela, muitas são impedidas de ter seu direito básico de nascer livre e ser protegida da escravidão. “Tempos e realidades podem ter mudado, mas a essência da escravidão persiste “, disse a relatora em seu documento. A tentativa do Brasil de lidar com a situação vem sendo indicada pela ONU como um exemplo, principalmente diante das iniciativas tomadas por governos estadual e federal. Mas a ONU alerta que o problema da escravidão no Brasil ainda existe e é grave.
A relatora da ONU ainda aponta que 80% dos escravos trabalham hoje para agentes privados. Mas alerta que 20% deles estão trabalhando para governos e militares e 11% ainda atuaria no setor da prostituição. Entre as crianças, 69% das que trabalham de forma forçada estão na agricultura.
Há dois meses, o governo americano também enviou um representante da Casa Branca exatamente para debater a situação do uso de trabalho escravo no Brasil. Já na Europa, a campanha contra o etanol usa as condições de trabalho na colheita da cana-de-açúcar como forma de atacar o biocombustível.