Ministro quer desmilitarizar tráfego aéreo

Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil

Waldir Pires e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno (esq): medida polêmica.

Depois da primeira reunião com 17 integrantes do grupo de trabalho para discutir a crise no tráfego aéreo e o futuro da carreira de controlador de vôo, o ministro da Defesa, Waldir Pires, defendeu a criação de um órgão público específico, vinculado ao governo, para gerenciar o tráfego aéreo civil. Para o ministro, a defesa aérea tem que continuar com a área militar, mas o controle aéreo civil, a exemplo do que já ocorre em outros países, pode sofrer modificações.

Ele ressaltou que essa é uma opinião pessoal, mas não acredita em resistência da Aeronáutica. ?O comandante da Aeronáutica estava sentado à mesa de reuniões?, afirmou. Uma nova reunião foi marcada para a próxima quarta-feira, às 10h, quando serão apresentadas as propostas das várias entidades que participam do grupo de trabalho.

O ministro destacou a urgência de se discutir essa questão e disse esperar até que os trabalhos se encerrem antes do prazo de 60 dias, o que demonstraria a ?vontade política? do governo de discutir o assunto e resolver o problema da carência de controladores de vôo no país.

Os atrasos de vôos nos principais aeroportos do país começaram no dia 27 de outubro, quando os controladores de tráfego aéreo do centro de controle de Brasília – o Cindacta 1 – decidiram iniciar um protesto, a chamada operação padrão, contra a falta de profissionais. Logo depois do acidente da Gol, em 29 de setembro, como é praxe em casos de acidentes, dez controladores de vôo de Brasília entraram em licença médica. Em seguida, outros dez profissionais também pediram a licença.

Na operação padrão, os controladores seguem as normas internacionais que determinam que cada operador deve controlar, no máximo, 14 aeronaves simultaneamente. Antes da operação, cada controlador chegava a monitorar até 20 aviões ao mesmo tempo. Com isso, o intervalo entre os pousos e decolagens aumentou, provocando uma seqüência de atrasos e cancelamentos de vôos em terminais aéreos de todo o país.

O colapso no tráfego aéreo ocorreu no dia 2 de novembro, feriado de Finados, quando cerca de 600 vôos sofreram atrasos de até 20 horas. No final de semana passado, o problema voltou a ocorrer depois que dois controladores de Brasília faltaram no trabalho no sábado.

Caos nos aeroportos, no final do ano, não está descartado

Brasília (AE) – O ministro da Defesa, Waldir Pires, disse ontem que não descarta a possibilidade de ocorrerem novos atrasos em vôos nos próximos feriados e festas de fim de ano. O temor vem do fato do número insuficiente de controladores de tráfego aéreo no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta 1), em Brasília.

Ele afirmou que tem esperança de que todos os controladores estejam empenhados na realização dos seus trabalhos, para que não ocorram novos problemas, ?para enfrentarmos um fim de ano tranqüilo?. ?Nós não temos reserva de controladores. A angústia dessa hora é isso. Não posso chegar na prateleira e pegar controladores. Essa angústia está sendo resolvida com a participação dos controladores e com as novas contratações que estão ocorrendo. Não devemos esperar o caos para o fim do ano?, afirmou.

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