O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, negocia com os ministérios da Fazenda e do Planejamento mais recursos para a comercialização da safra agrícola. Segundo o secretário de Política Agrícola, Ivan Wedekin, o orçamento aprovado pelo Congresso prevê a liberação de R$ 527 milhões em subvenção, mas o ministério havia pedido R$ 2,6 bilhões. Embora abaixo do esperado, o valor é um salto considerável em relação ao ano passado, quando os recursos somaram R$ 272 milhões.
Brasília – Segundo o secretário, as políticas de apoio à comercialização são fundamentais para a formação de renda do agricultor brasileiro. "Este ano é ponto fundamental, levando em conta a situação dos mercados", disse.
No ano passado, segundo balanço divulgado pelo secretário, o governo comprou quase 100 mil toneladas de milho em operações de Aquisição do Governo Federal (AGF), 222,7 mil toneladas por Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) e mais 749,3 mil toneladas de milho por meio de contrato de opções. Além disso, foram negociadas 375,7 mil toneladas em operações VEP (Valor do Escoamento do Produto) para atender basicamente às regiões Norte e Nordeste.
No caso do trigo, o governo negociou 182,5 mil toneladas por AGF, 220,2 mil toneladas por PEP e 648 mil toneladas em contratos de opções. Ainda foram tirados do mercado por PEP 40,3 mil toneladas de algodão.
Wedekin informou ainda que a Lei 11.076, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mês passado, prevê o lançamento de contratos de opção privados. Segundo o secretário, o novo modelo de comercialização será realizado por meio de dois leilões. No primeiro, a ser feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a agroindústria poderá adquirir o direito de receber do governo uma subvenção para comprar o grão do produtor. "O governo vai pagar à indústria um prêmio, a ser definido previamente", explicou o secretário. "Quem ganhar o leilão fica obrigado a lançar um contrato de opção para o agricultor." Este segundo leilão será realizado pela Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).
"Esses contratos dão maior produtividade ao nosso orçamento", disse o secretário, argumentando que o valor da subvenção, por tonelada, será bem menor que o pago em um leilões de opções do governo. "Nós vamos apoiar a comercialização agrícola até o limite do nosso orçamento, que é de R$ 527 milhões", disse Wedekin. Os produtos alvo da política de comercialização do governo são milho, trigo, algodão, sorgo e café. O secretário acredita ainda que os novos títulos agropecuários, previstos na Lei 11.076, vão aumentar os recursos para o setor. A expectativa é de que se consiga desviar para a agropecuária brasileira R$ 520 bilhões.
RS: chuva não alivia estragos da seca
Porto Alegre – A chuva que atingiu parte do norte do Rio Grande do Sul, ontem, não foi suficiente para minimizar os problemas causados pela seca que atinge a região. Os agricultores já começavam a fazer os cálculos dos prejuízos que sofrerão com a seca que já dura um mês no estado e que já levou 99 municípios a decretarem situação de emergência. As precipitações não foram suficientes para reverter a estiagem e nem as perdas médias de 8% da safra de milho, correspondentes a cerca de R$ 135 milhões, e de 12% da produção mensal de leite, equivalentes a cerca de R$ 7,5 milhões.
Há perdas consideráveis, mas ainda não calculadas, nas lavouras de feijão. A soja não está com o desenvolvimento adequado para esta época, mas pode se recuperar se chover na segunda quinzena do mês, conforme previsão dos meteorologistas. Na região mais prejudicada pela seca, os municípios entre Passo Fundo e a divisa com Santa Catarina, no norte, mais da metade da safra de milho e de feijão está perdida.
Reunidos em Porto Alegre para avaliar a crise, os presidentes de sindicatos vinculados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag) decidiram manter contato com o Banco do Brasil e o Ministério do Desenvolvimento Agrário para esclarecer como será feito o pagamento do seguro contratado quando o financiamento da lavoura foi liberado. "Para quem não fez o seguro, talvez tenhamos de pedir um bônus", prevê o presidente da Fetag, Ezídio Pinheiro.
Um levantamento feito pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro) indica que a produção esperada de milho em todo o Rio Grande do Sul era de 5 milhões de toneladas. O resultado não deve passar de 4,55 milhões de toneladas. As 450 mil toneladas perdidas correspondem a cerca de R$ 135 milhões, à cotação de R$ 300 a tonelada praticada na região de Passo Fundo.
O presidente da Associação Gaúcha de Laticinistas (AGL), Ernesto Krug, informa que a entrega de leite à indústria já caiu 12% neste mês, volume correspondente a 500 mil litros por dia.
